O Congresso tornou-se o novo palco da crise política em Honduras. Desde segunda-feira, apoiadores do presidente deposto, Manuel Zelaya, fazem uma vigília diante da sede do Legislativo hondurenho. Ontem, enquanto deputados decidiam consultar a Suprema Corte sobre o Pacto San José-Tegucigalpa, cerca de 400 partidários de Zelaya entoavam canções tradicionais da esquerda latino-americana, xingavam e faziam olas, como em jogos de futebol.
A imprensa internacional não pôde entrar no Congresso. Apenas jornalistas locais – simpáticos ao presidente de facto Roberto Micheletti, na maioria – tiveram autorização para passar o bloqueio de cerca de 80 policiais. Os repórteres de canais pró-governo eram hostilizados.
Autoridades isolaram a frente do prédio do Parlamento com uma corda, atrás da qual se enfileiravam policiais e soldados do Exército. Cerca de três metros adiante, os próprios zelaystas colocaram outra corda, impedindo que manifestantes se aproximassem dos policiais. Repórteres que tentavam entrar no Congresso ficaram isolados entre as duas barreiras (local que os jornalistas apelidaram de “Faixa de Gaza”).
A cúpula do Congresso decidiu ontem enviar o Pacto de San José-Tegucigalpa à Corte Suprema, que deverá emitir um parecer em até 15 dias úteis sobre a legalidade da restituição do presidente deposto. O parecer do Judiciário – órgão que determinou a destituição de Zelaya e afirmou que seu retorno ao poder era inconstitucional – não terá caráter vinculante, mas prolongará mais a crise, que já dura quatro meses.