Um dia antes de o Congresso hondurenho votar sobre a volta de Manuel Zelaya, o presidente deposto enviou um recado a seus seguidores que pode dificultar ainda mais sua restituição. A mensagem foi transmitida para a imprensa e membros de movimentos pró-Zelaya pelo assessor do presidente deposto, Carlos Eduardo Reina, que saiu ontem da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde permaneceu por 72 dias.
Segundo Reina, Zelaya reivindica a anulação das eleições de domingo. Ele exige ser restituído ao poder sem precondições, além de receber de volta “o tempo mutilado de seu mandato, que deve ser de quatro anos”. Além disso, Zelaya quer fazer com que os líderes do golpe que o derrubou em 28 de junho sejam levados a julgamento num tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU). “Restituir Zelaya é uma obrigação dos que derrubaram a democracia, mas sem condições”, disse Reina. “Já as eleições, serão denunciadas por serem fraudulentas e exigiremos que elas sejam anuladas.”
Um dos homens de confiança de Zelaya, Reina justificou sua saída dizendo que vai “reorganizar o movimento de resistência contra o golpe em todo o país”. Ele também afirmou que o governo deposto não está negociando com o presidente eleito, Porfirio “Pepe” Lobo. Em um discurso, na segunda-feira, Lobo prometeu diálogo e um governo de união nacional. No entanto, ele também disse que Zelaya era “parte do passado” e fugiu das perguntas sobre uma possível anistia ao presidente deposto – acusado de traição à pátria e outros crimes pela Justiça hondurenha.