As duas facções rivais que brigam pelo controle de Honduras começaram as conversações para tentar colocar um fim na crise política, gerada pelo primeiro golpe na América Central em mais de uma década. O presidente de facto, Roberto Micheletti, disse aos jornalistas que um diálogo entre ele e os simpatizantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, foi iniciado.
“Estamos conversando oficialmente com diferentes setores e com o pessoal que está do lado do Zelaya”, afirmou Micheletti ontem, horas depois de se reunir com uma delegação de quatro membros republicanos do Congresso dos Estados Unidos.
Os que apoiam Zelaya demonstraram ceticismo sobre o desejo de Micheletti de se encontrar uma solução. “Nós não acreditamos neste governo golpista porque eles dizem uma coisa e fazem outra”, disse Juan Barahona, que liderou uma protesto hoje com 200 pessoas em Pedegral, um bairro da classe trabalhadora em Tegucigalpa. “A resistência irá continuar brigando nas ruas permanentemente contra o regime golpista. É o nosso direito”. Não havia forças de segurança presentes no protesto.
Uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA), que foi chamada para ajudar a negociar uma solução e colocar de volta Zelaya no poder, chegou no país antes da visita do secretário geral da OEA, José Miguel Insulza, marcada para quarta-feira. Micheletti disse que falou com Insulza nos últimos dias e que, ainda que nenhum acordo tenha sido atingido, havia sinal de progresso e de que “a paz irá voltar ao nosso país”.
John Biehl, enviado especial da OEA, disse que os dois lados estão dispostos a começar as conversas na próxima semana. “Haverá um chamado para que haja diálogo entre o governo de facto e o outro lado. Isso já foi combinado”, disse Biehl aos jornalistas. Zelaya foi deposto do país em 28 de junho e agora está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa.