Zelaya diz que recebeu convite para integrar governo

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou que os Estados Unidos fizeram um convite para ele integrar o “gabinete de transição” no país. Em troca, o presidente de facto, Roberto Micheletti, renunciaria ao cargo “na sexta-feira no Congresso”, informa hoje, em seu site, o jornal local “La Tribuna”.

“Isso (a renúncia de Micheletti) ocorrerá na sexta-feira no Congresso. Se eu aceito integrar o gabinete de transição, ele renuncia e legitimo o golpe de Estado. É uma manobra na qual não vou cair”, disse Zelaya. Segundo a versão do líder deposto, o governo de Micheletti teria “direito de veto” nessa nova administração, “mas eu não vou cair nessa armadilha”.

“Enquanto o Congresso não derrubar o decreto (de destituição), eu não posso legitimar o golpe de Estado armando um gabinete para Micheletti”, afirmou Zelaya, segundo o diário. Ontem, o presidente do Congresso, José Alfredo Saavedra, convocou os legisladores para decidir sobre o retornou de Zelaya em 2 de dezembro.

Golpe

Manuel Zelaya foi deposto em 28 de junho e expulso de Honduras. Ele voltou clandestinamente e, desde 21 de setembro, está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. No início desta semana, Zelaya chegou a dizer que desistia de retornar à presidência, em meio ao impasse entre os rivais políticos.

Partidários de Zelaya e Micheletti firmaram um pacto para encerrar a crise no dia 30 de outubro. O presidente deposto, porém, descartou o acordo, argumentando que era essencial primeiro sua volta ao poder, para então ser formado um governo de união. Além disso, o impasse ameaça a legitimidade das eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro.