O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, vai deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa na próxima semana. Em seguida, ele vai viajar para a República Dominicana antes de se estabelecer no México e planejar um eventual retorno a Honduras, disse um auxiliar em entrevista publicada hoje.
“Zelaya vai ficar por pouco tempo em Santo Domingo” antes de viajar para a capital do México, disse o auxiliar Cesar Ham do jornal hondurenho “Tiempo”. No início desta semana, Ham representou Zelaya na assinatura de um acordo que dá ao presidente deposto um salvo-conduto para deixar Honduras no dia 27 de janeiro, quando o presidente eleito Porfirio Lobo assume o cargo.
Outro conselheiro, Rasel Tome, que está dentro da Embaixada com o líder deposto, disse à agência de notícias “Associated Press” que Zelaya vai viajar para a República Dominicana “se as condições necessárias forem dadas”.
Ele não deu maiores detalhes sobre as condições, mas Zelaya já havia rejeitado a ideia de deixar a representação diplomática brasileira sem garantias de respeito a sua dignidade e segurança.
Em comunicado, Zelaya elogiou o acordo, embora não tenha confirmado se vai deixar o país sob seus termos. Ele disse que o acordo “permite que seja mantida minha dignidade e de meu ministério” como convidado do presidente dominicano Leonel Fernandez.
Acusações
Zelaya ainda pode ser preso por traição e abuso de poder, acusações relacionadas a sua campanha para mudar a Constituição apesar da decisão da Suprema Corte de que a alteração era ilegal. O promotor-chefe de Honduras, Luis Alberto Rubi, disse que o acordo não cancela as acusações.
Zelaya disse que foi ilegalmente deposto pela poderosa elite hondurenha que se sentiu ameaçada por suas tentativas de ajudar os pobres e dar a eles mais voz no governo. A Constituição proíbe ex-presidentes de se candidatarem novamente ao cargo.