O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, criticou ontem o presidente eleito Porfirio Lobo, acusando-o de defender uma anistia política. O indulto, segundo Zelaya, favoreceria os envolvidos no golpe de Estado que o tirou do poder no dia 28 de junho. A Câmara dos Deputados local deve discutir a proposta de anistia hoje, segundo o secretário do órgão, Carlos Lara.
“De quem é esta iniciativa?”, questionou o líder deposto em entrevista à Rádio Globo, uma emissora local. “Não é da comunidade internacional, como apregoa Lobo. Isso não é correto”, disse. A anistia incluiria os seis chefes das Forças Armadas. “É uma intenção dos golpistas para querer enganar o mundo, que condena minha destituição e não reconhece o governo de facto de (Roberto) Micheletti.”
A Suprema Corte decidiu ontem acolher uma petição da promotoria hondurenha para que se investigue os oficiais envolvidos na extradição de Zelaya. A primeira audiência com os líderes militares será em 14 de janeiro. Eles podem ser condenados por abuso de autoridade, entre outros delitos.
O governo de facto de Micheletti afirma que os militares apenas acataram a ordem de prisão contra Zelaya emitida pela própria Suprema Corte, pelo fato de o então presidente convocar uma Assembleia Constituinte, manobra considerada ilegal pelas autoridades.
OEA
A Organização dos Estados Americanos (OEA) expulsou Honduras da entidade em julho, após os militares retirarem Zelaya do poder no mês anterior, expulsando-o do país. No entanto, ele retornou a Honduras clandestinamente em 21 de setembro e, desde então, está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.