Zapatero não tentará reeleição na Espanha

Após meses de expectativa, o primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero afirmou que não vai concorrer a um terceiro mandato, num movimento calculado para melhorar as perspectivas eleitorais do Partido Socialista, mas que pode reduzir sua autoridade num momento crucial para o país. Com avaliação severamente prejudicada pela taxa de desemprego de 20% e por reformas econômicas impopulares, de modo geral não havia a expectativa de que o líder socialista de 50 anos fosse concorrer à reeleição quando seu mandato terminar, em março de 2012. O momento de seu anúncio, entretanto, se mostrou um complexo cálculo político.

Por um lado, muitos líderes partidários achavam que um anúncio prematuro poderia ajudar a minimizar as pesadas perdas previstas nas eleições regionais que estão por vir. Enquanto isso, outros se preocupavam com as tensões internas que o anúncio poderia causar, conforme os candidatos à sucessão disputarem a posição entre si e, talvez, até debilitando a autoridade de Zapatero.

Embora não tenha maioria parlamentar, o primeiro-ministro espanhol conseguiu até agora o apoio necessário para levar adiante um programa de amplas revisões para cortar o déficit orçamentário numa economia em dificuldades. Além disso, a Espanha tem sido capaz de fortalecer a confiança do investidor ao evitar turbulências políticas como a que ocorre em Portugal, onde o primeiro-ministro socialista José Sócrates foi forçado a renunciar, colocando o país à beira de uma ajuda financeira internacional.

Depois de anunciar sua decisão numa reunião de seu comitê partidário federal, no sábado, Zapatero repetiu diversas vezes que vai servir o país no restante do seu mandato e se concentrar em conduzir tal programa de revisão do orçamento. “Vou cumprir minhas responsabilidades como primeiro-ministro até o fim do mandato, até o último dia”, afirmou.

Analistas disseram que Zapatero vai, inevitavelmente, perder influência dentro e fora de seu partido e enfrentará pressões por eleições antecipadas. “A partir de agora, ele será um ‘pato manco'”, disse o sociólogo Emílio Lamo de Espinosa, professor na Universidade Complutense de Madrid, referindo-se à expressão ‘lame duck’, usada para caracterizar políticos em fim de mandato, enfraquecidos pela falta de perspectiva política e com os quais os outros políticos relutam em colaborar. As informações são da Dow Jones.

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