WikiLeaks: linhas-duras do Irã impediram acordo nuclear

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tentou chegar a um acordo de troca de combustível nuclear mais de um ano atrás, mas enfrentou pressões internas de linhas-duras que viam a medida como uma “derrota virtual”, segundo telegramas diplomáticos divulgados pelo WikiLeaks.

Os documentos, disponibilizados no site da organização hoje, também dão a entender que o Irã confiou em seu arqui-inimigo, os Estados Unidos, mais do que em seu aliado, a Rússia, para dar prosseguimento à proposta apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) de fornecer combustível pronto para o reator iraniano em troca da desistência do Irã em controlar seu próprio estoque de urânio de baixo enriquecimento.

A avaliação foi feita para um importante enviado norte-americano pelo ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, cujo país tem um relacionamento de amizade com Teerã e vai sediar a próxima rodada de negociações nucleares neste mês entre o Irã e seis potências nucleares, dentre elas os Estados Unidos.

A proposta de troca de combustível é o ponto central dos esforços internacionais para controlar o programa nuclear do Irã, que vários países temem que possa levar ao desenvolvimento de armas atômicas. O Irã afirma que usa seus reatores apenas para a geração de energia e para pesquisas.

O projeto da ONU apresentado em 2009 pediu ao Irã que enviasse seu urânio de baixo enriquecimento para fora do país e recebesse, em troca, combustível pronto para o uso. O Irã recusou a proposta e propôs alternativas de troca de combustível envolvendo aliados como Brasil e Turquia. Mas os seis países – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha – disseram que a oferta não atingiu suas expectativas.

No final de 2009, Davutoglu disse ao secretário-assistente de Estado, Philip Gordon, que o governo iraniano queria negociar um acordo de troca de combustível, mas que Ahmadinejad enfrentava “enormes pressões”, segundo um memorando secreto.

O memorando também diz que aparentemente os iranianos têm “mais confiança” nos enviados norte-americanos do que nos negociadores britânicos e “os iranianos prefeririam obter o combustível dos Estados Unidos em vez da Rússia”. As negociações entre o Irã e as potências mundiais foram retomadas em Genebra no mês passado após um impasse que durou mais de um ano. As informações são da Associated Press.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo