Israel manteve deliberadamente a economia da Faixa de Gaza “à beira do colapso”, mas sem “levá-los ao limite”, diz um telegrama diplomático norte-americano obtido pelo WikiLeaks e divulgado pelo jornal norueguês Aftenposten. Segundo o documento da embaixada dos Estados Unidos em Tel-Aviv, datado de 3 de novembro de 2008, autoridades israelenses contaram a diplomatas norte-americanos sua intenção de sufocar a economia de Gaza.
“Como parte do plano geral de embargo contra Gaza, autoridades israelenses confirmaram em múltiplas ocasiões que pretendiam manter a economia de Gaza à beira do colapso, sem contudo levá-la ao limite”, diz o telegrama. Israel impôs um bloqueio à Faixa de Gaza em junho de 2006, depois que militantes sequestraram o soldado israelense Gilad Shalit. A medida foi intensificada no ano seguinte, quando o Hamas tomou o poder do território onde vivem 1,5 milhão de pessoas.
Israel diz que a limitação das exportações de Gaza é justificada por vários incidentes nos quais militantes palestinos se ocultaram ou esconderam armas em caixotes transportados para o território israelense. Mas o telegrama divulgado hoje mostra que “autoridades israelenses confirmaram a funcionários da embaixada em várias ocasiões que pretendiam manter a economia de Gaza funcionando no nível mais baixo possível, de forma a evitar uma crise humanitária”. O desemprego em Gaza foi de 35% no ano passado, um dos mais altos do mundo.
Após o ataque de 31 de maio de 2010 contra uma flotilha que se dirigia a Gaza, durante o qual nove ativistas turcos foram mortos, a pressão internacional fez com que Israel aliviasse o bloqueio e permitisse a entrada de bens para uso civil. Mesmo assim o país continua a restringir os bens de “uso duplo”, ou seja, que possam ser usados tanto para fins militares quanto civis, e permite apenas a entrada de quantidades limitadas de materiais de construção para projetos gerenciados por organizações internacionais.
O Aftenposten disse no mês passado que obteve todos os documentos diplomáticos vazados pelo WikiLeaks e que vai publicar matérias sobre as informações independentemente da própria divulgação pela organização liderada por Julian Assange. As informações são da Associated Press.