O comboio leal ao ditador líbio, Muamar Kadafi, que se dirigia para Benghazi quando foi destruído pelos caças-bombardeiros franceses na noite de sábado, estendia-se por uma faixa de 30 quilômetros na saída oeste da “capital rebelde”. Os benghazis visitam agora esse cemitério de veículos militares e têm certeza daquilo que os esperava naquela noite: seriam trucidados.
“Veja o presente que Kadafi trazia para Benghazi”, brinca Najib Shekey, engenheiro eletricista de 30 anos. Sua sensação é a de que todos os habitantes da cidade foram salvos pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Quando ficam sabendo que o repórter é brasileiro, muitos balançam a cabeça em sinal de desaprovação e perguntam por que o Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que autorizou a zona de exclusão aérea.
Os líbios são fanáticos por futebol e, por isso, têm – ou tinham – apreço pelo Brasil. Agora, tentam entender por que esse apreço, na sua interpretação, não é retribuído. “O governo brasileiro apoia Kadafi”, constata Shekey. “Deve ser por causa de dinheiro. Talvez vocês tenham medo de que seus investimentos sejam prejudicados.”
Mohamed Sherif, de 50 anos, prefere lembrar que há uma diferença entre o governo e o povo de um determinado país. “O governo brasileiro é mau, mas o povo é bom.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.