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Israel analisa a possibilidade de construir mais 10 mil casas para judeus em Jerusalém Oriental, setor tradicionalmente árabe da cidade sagrada, declarou nesta quarta-feira (19) o ministro israelense de Habitação, Zeev Boim. A revelação provocou revolta entre dirigentes palestinos, que qualificaram a iniciativa como uma ameaça à sobrevivência do processo de paz retomado recentemente. Antes disso, os líderes palestinos já estavam descontentes com um plano anunciado no início de dezembro por Israel segundo o qual 300 novas casas seriam construídas em um bairro judeu existente em Jerusalém Oriental.

Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam Jerusalém como capital. A cidade, sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos, foi capturada por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Anos mais tarde, o governo israelense anexou a cidade e a declarou sua capital "eterna e indivisível". As iniciativas israelenses, no entanto, são rechaçadas pela comunidade internacional, que defende uma solução negociada. Os palestinos reivindicam o setor árabe da cidade, conhecido como Jerusalém Oriental, como capital de seu futuro Estado independente e soberano.

O Ministério de Habitação conduziu uma "análise preliminar" para a construção de novas casas para judeus em Atarot, perto do bairro palestino de Qalandia, disse hoje Boim. A análise, de acordo com o ministro, foi feita porque estaria ocorrendo um inchaço nos bairros judeus em Jerusalém Ocidental. Ainda segundo ele, havia um plano para a construção de milhares de casas na região, mas o projeto foi atacado por ambientalistas porque seria desenvolvido em uma área de bosques, motivo pelo qual Israel "não tem escolha" a não ser construir em Jerusalém Oriental.

Escassez

"O Ministério da Habitação precisa apresentar uma solução para a escassez de moradia em Jerusalém", alegou Boim. Mesmo que a proposta passe pelos estágios preliminares, acredita-se que as construções começariam somente dentro de alguns anos. Dirigentes palestinos denunciaram a iniciativa israelense. "Por que Israel opta por impor ao invés de negociar? Por que os israelenses destroem as perspectivas de paz com essas atividades?", questionou o negociador palestino Saeb Erekat.

O vice-primeiro-ministro de Israel, Haim Ramon, declarou-se contrário à iniciativa de Boim. Segundo ele, isso não ajuda nas negociações, além de prejudicar a posição do país e o apoio internacional, especialmente dos Estados Unidos, ao Estado judeu. O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, também se distanciou do projeto. "Nenhuma decisão foi tomada e não há nada de novo", disse Mark Regev, porta-voz do chefe de governo. Olmert tem sinalizado que Israel abriria mão de alguns territórios, o que poderia incluir bairros afastados de Jerusalém Oriental, como é o caso de Atarot.

‘Soberania Compartilhada’

Boim admite que o momento é "delicado", mas acredita não haver motivo para que as atividades de sua pasta sejam congeladas. O ministro insiste que seu plano não é motivado pelo desejo de assegurar o controle de Israel sobre áreas da cidade sagrada reivindicadas pelos palestinos, mas defende que o governo israelense não deveria abrir mão de Atarot nem de nenhuma outra área de Jerusalém. "Minha opinião é que nossa soberania sobre Jerusalém não pode ser compartilhada", declarou o ministro. Em 40 anos de controle sobre Jerusalém Oriental, Israel construiu novos bairros que hoje abrigam cerca de 180 mil israelenses.

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