A vitória do ex-guerrilheiro José “Pepe” Mujica no segundo turno das eleições uruguaias de domingo – ele obteve 52,6% dos votos, contra 43,3 % do candidato liberal, Luis Alberto Lacalle – deve abrir caminho para que o aborto seja descriminalizado no Uruguai. A lei, que tem o respaldo de 65% da população, foi aprovada pelo Parlamento uruguaio em novembro do ano passado – mas acabou vetada pelo presidente Tabaré Vázquez, que é médico e alegou “graves razões filosóficas”. Nos últimos dias, Mujica confirmou que não vetará uma nova apresentação da lei que permite o procedimento.
A senadora socialista Mónica Xavier afirmou que a coalizão governista Frente Ampla voltará a apresentar o projeto após a posse de Mujica, marcada para março. Assim, o Uruguai seria o primeiro país da América Latina a descriminalizar o aborto. Denominada de “Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva”, a norma permite que qualquer cidadã uruguaia ou residente estrangeira no país interrompa a gravidez nas primeiras 16 semanas de gestação.
Durante os debates no Congresso, no ano passado, a Igreja Católica uruguaia, em uma medida sem precedentes, anunciou que excomungaria todos os parlamentares que votassem a favor da lei do aborto. Estimativas indicam que são realizados anualmente 33 mil abortos clandestinos no país. A lei uruguaia vigente só permite a realização do aborto em casos de estupro ou risco de vida da mãe.