Helicópteros das Nações Unidas alcançaram nesta segunda-feira (9) pela primeira vez em mais de um mês alguns dos sobreviventes do ciclone Nargis, que estavam em regiões bastante isoladas de Mianmar. O devastador fenômeno natural atingiu a região entre os dias 2 e 3 de maio.
Alguns sobreviventes ficaram semanas sem assistência adequada antes de os quatro helicópteros pousarem, durante o fim de semana, e começarem a fornecer itens emergenciais como arroz e sistemas de purificação de água.
As áreas atendidas eram vilas localizadas perto das fortemente atingidas cidades de Bogale e Labutta, informou o porta-voz Paul Risley, do Programa Mundial de Alimentação da ONU.
Quatro incursões para assistência foram realizadas nesta segunda-feira em sete lugares do delta do Rio Irrawaddy. Na terça-feira, seis outras localidades seriam atendidas, segundo o porta-voz. A ONU tem apenas um helicóptero operando em Mianmar. A aeronave fez seis vôos na semana passada.
"Hoje (segunda-feira) foi o primeiro dia em que era possível notar um efeito multiplicador", disse Risley. "Essas são áreas que claramente não receberam fornecimento regular de comida ou qualquer outra assistência".
A ONU estima que 2,4 milhões de pessoas tenham sido afetadas pelo ciclone Nargis, que atingiu o delta nos dias 2 e 3 de maio. Segundo a entidade, 1 milhão de pessoas ainda precisam de ajuda, sobretudo na região do delta do Irrawaddy. O ciclone matou mais de 78 mil pessoas no empobrecido país, segundo dados oficiais.
Os helicópteros cumprem um papel fundamental no auxílio às vítimas. Os suprimentos têm sido levados sobretudo através de barcos, que levam várias horas para navegar em curtas distâncias, na rede fluvial do delta.
Quatro outros helicópteros providenciados pela ONU devem chegar a Mianmar nesta semana. O esforço, porém, pode enfrentar problemas. Entre eles a escassez de materiais de construção, que podem deixar centenas de milhares de pessoas expostas a fortes chuvas, enquanto o período de monções começa, alertou a ONU.
As Nações Unidas e várias organizações não-governamentais já criticaram a junta militar por restringir o acesso ao delta. Para esses, o governo local impediu que comida e água suficientes, além de materiais para reconstrução, chegassem aos mais necessitados.
Na imprensa estatal, a junta nega as acusações, afirmando serem elas uma iniciativa para minar a estabilidade nacional. Alguns jornais controlados pelo governo pediam nesta segunda-feira "espírito nacionalista" às vítimas do ciclone.