Duas vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes católicos entregaram a um funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano uma carta ao papa Bento XVI pedindo punição dos responsáveis e medidas concretas para ajudar as vítimas.
Os líderes das associações italianas “L’Abuso” e “Pequeno Allan”, Francesco Zanardi e Alberto Sala, respectivamente, chegaram nesta manhã à Praça São Pedro para entregar o documento, que já havia sido encaminhada à Conferência Episcopal Italiana (CEI).
Entre as reivindicações expressas na carta está o pedido de instituição de uma comissão mista formada por juristas, trabalhadores da saúde e de informação, cientistas e vítimas.
Eles também pedem a abertura dos arquivos da Congregação da Doutrina da Fé e dos entes religiosos, a obrigação de denúncia das notícias de crimes por parte das autoridades eclesiásticas e a remoção do status clerical dos religiosos envolvidos.
Além disso, a carta também reivindica um sistema de ajuda às vítimas, que, segundo eles, “são abandonadas a si próprias”.
Zanardi hoje tem 41 anos e sofreu abusos sexuais de um padre quando tinha 10 anos, acaba de finalizar uma marcha de 571 quilômetros iniciada em 22 de setembro.
“Em 2007, encontrei a coragem de me apresentar aos carabineiros [polícia militar italiana] para fazer a denúncia, mas disseram que passou muito tempo e o crime havia prescrito. Em 2010, a magistratura me chamou porque haviam ficado com meu relatório. Então surgiu uma investigação em Savona que ainda está em curso”, contou Zanardi.
Na entrega da carta, os dois ativistas usavam camisetas com a inscrição “Peregrinação pela verdade. Chega de silêncio na Igreja, chega de indiferença”.
Ambos afirmaram que queriam ser recebidos pessoalmente pelo Pontífice “para falar diretamente com ele”. “Espero que isso aconteça”, afirmou Sala.