Tropas francesas, apoiadas por um helicóptero, trocaram tiros com supostos rebeldes num tenso bairro de Bangui, capital da República Centro-Africana, nesta sexta-feira. O chefe militar francês chegou ao país hoje para avaliar como suas tropas estão trabalhando para estabilizar a situação de violência no país.
No bairro Miskine mais de dez homens com machetes enfrentaram um grupo de jovens cristãos. As tensões subiram mais ainda no local após a morte de um taxista cristão durante a noite nas mãos de rebeldes, que são, em sua maioria, muçulmanos.
O caos se instaurou no país a partir de março, quando grupos rebeldes derrubaram o governo liderado por cristãos. Cerca de 1.600 soldados franceses tentam desarmar os habitantes de Bangui, mas enfrentam a reação dos moradores, muito aterrorizados para entregar as armas que, temem, terão de usar para se defender.
“Eles estão saqueando nossas lojas e casas. Temos o direito de interferir e nos protegermos”, disse Hassan Annour, um muçulmanos de 36 anos, enquanto segurava um machete.
Tanto cristãos quanto muçulmanos têm realizado ataques de retaliação em todo o país, que é majoritariamente cristão, mas até a queda do governo não tinha histórico de lutas sectárias. Mais de 500 pessoas foram mortas na última semana, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que esse número deve subir na medida em que equipes da organização chegam a bairros atingidos pela violência.
O primeiro-ministro Nicolas Tiangaye emitiu um aviso alertando sobre a violência e pedindo o rápido desarmamento dos dois lados. “Comunidades religiosas que sempre viveram juntas, em perfeita harmonia, estão agora massacrando uma a outra. Esta situação deve ser interrompida o mais rápido possível”, disse ele.
O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, chegou nesta sexta-feira ao país para se reunir com tropas e comandantes que estão reforçando forças de paz africanas no país.
Apesar do trabalho das forças francesas na capital, que tem 700 mil habitantes, a ONU disse que mais de 160 mil pessoas fugiram de suas casas somente em Bangui. Pelo menos 30 mil vivem atualmente ao redor do aeroporto, cuja segurança é feita pelas tropas francesas, pois temem voltar para suas casas onde rebeldes muçulmanos têm realizado ataques contra civis a cada noite. Fonte: Associated Press.