Unidades do exército da Síria se posicionam para combate em uma cidade no litoral do Mar Mediterrâneo que é palco de protestos, afirmaram testemunhas e ativistas. A tensão ocorre após um dia de violência e caos no qual manifestantes e governo trocaram acusações. Segundo o governo, 12 pessoas foram mortas em Latakia no sábado por indivíduos armados que atiraram de cima dos tetos das casas e aterrorizaram a população, mas manifestantes acusam as forças de segurança de abrir fogo contra eles.
A disseminação da violência para Latakia, que é uma cidade formada por uma população de várias etnias, tem significado especial. Com cerca de 500 mil habitantes, Latakia é um misto de sunitas no centro urbano, Alauitas nos bairros residenciais do subúrbio e pequenas minorias cristãs, etnias turcas e outros grupos. O governo do presidente Bashar Assad, de minoria Alauita, culpa um clérigo sunita do Catar por incitar os protestos.
O consultor presidencial Bouthaina Shaaban afirmou que o xeque Youssef al-Qaradawi incitou os sunitas à revolta em seu sermão feito em Doha na sexta-feira. Al-Qaradawi, que tem milhões de seguidores em todo o mundo e visto como uma das vozes mais influentes do Islã sunita, elogiou os protestos sírios e criticou o governo.
No sábado, manifestantes atacaram um posto policial e escritórios do partido Baath na cidade de Tafas, a 10 quilômetros da cidade fronteiriça de Deraa, o epicentro de mais de uma semana de protestos contra o governo sírio. Neste domingo, um ativista em Deraa afirmou que cerca de 1,2 mil pessoas mantêm uma manifestação silenciosa na mesquita de al-Omari, no centro dos protestos da cidade.
Divisões sectárias são um assunto profundamente sensível na Síria, onde Assad tem usado o aumento da liberdade e da prosperidade econômica para obter a lealdade das classes comerciais sunitas, ao mesmo tempo que pune os dissidentes com prisões e abuso físico. As informações são da Associated Press.