O número de mortes provocadas pela explosão de violência sectária em Mianmar, predominante budista, subiu para pelo menos 20 nesta sexta-feira, enquanto o presidente do país declarou estado de emergência e milhares de pessoas da minoria muçulmana fugiram.

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Fumaça negra e chamas foram vistas em edifícios destruídos em Meikhtila, onde os confrontos entre budistas locais e residentes muçulmanos irromperam na quarta-feira – no mais recente desafio para a transição sempre precária para o regime democrático.

Na cidade, sobrou pouco dos bairros arborizados com palmeiras, onde terrenos inteiros foram reduzidos a massas de escombros torcidos e cinzas fumegantes. Vidros, motocicletas destruídas e mesas viradas se amontoavam nas estradas ao lado de linhas de casas e lojas incendiadas, em uma evidência do caos generalizado dos dois últimos dias.

A devastação é uma lembrança de cenas notavelmente semelhantes observadas no ano passado no oeste de Mianmar, onde a violência sectária entre budistas da etnia Rakhine e muçulmanos Rohingya deixou centenas de pessoas mortas. Mais de 100 mil pessoas fugiram devido ao conflito, quase todas muçulmanas.

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Grupos de direitos humanos alertaram que a turbulência no Oeste poderá se espalhar para outras partes do país e, no ano passado, os proeminentes monges budistas entraram em confronto com muçulmanos na cidade central de Mandalay. Os confrontos em Meikhtila são os primeiros reportados fora do Oeste de Mianmar desde então.

Não ficou imediatamente claro qual lado sofreu o maior impacto da recente onda de violência, mas os muçulmanos aterrorizados, que representam cerca de 30% dos 100 mil habitantes de Meikhtila, ficaram fora das ruas nesta sexta-feira, enquanto suas lojas e casas continuaram a queimar e moradores irritados e monges budistas impediram as autoridades de apagar as chamas.

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Autoridades da Tailândia afirmaram que trinta pessoas foram mortas e várias ficaram feridas em um incêndio em um campo de refugiados de Mianmar no norte da Tailândia. “O incêndio destruiu 100 casas improvisadas”, disse um funcionário do Ministério do Interior. “Há 30 mortos e muitos feridos.”

Cerca de 3.300 refugiados, a maioria da minoria Karen, de Mianmar, vivem no acampamento. Mais de 100 mil refugiados vivem em campos tailandeses, perto da fronteira de Mianmar. A maioria deles pertence à etnia Karen e fugiu dos combates entre guerrilheiros Karen e o governo. As informações são da Associated Press.