Confrontos nesta madrugada entre forças do Iêmen e dissidentes deixaram 24 mortos, informou hoje a agência estatal Saba. Além disso, o Ministério da Defesa afirmou que uma explosão em um depósito de munição da poderosa tribo Al-Ahmar matou 28 pessoas na capital do país. Porém rebeldes contrários ao governo do presidente Ali Abdullah Saleh afirmam que não houve explosão acidental, mas um ataque com bombas lançado por forças oficiais contra os oposicionistas, segundo a Associated Press. Os rebeldes advertiram para o risco de uma guerra civil, com o aprofundamento da crise política nacional.
“Vinte e oito pessoas foram mortas em uma explosão em um depósito de munição” em Sanaa, afirmou o governo em uma mensagem em seu site. O depósito fica em um prédio próximo de um posto militar onde estão tropas lideradas pelo general dissidente Ali Mohsen al-Ahmar, diz o governo. Um militar aliado do general Ahmar negou a versão, afirmando que “não há depósito de munição na área” e que ocorreu um ataque. Não há como verificar de modo independente as versões, pelas restrições impostas pela administração iemenita ao trabalho da imprensa.
Há confrontos com mortes desde segunda-feira entre as forças de segurança e aquelas leais ao xeque Sadiq al-Ahmar. As forças dissidentes e manifestantes civis querem a deposição de Saleh, no poder desde 1978. A agência estatal informou que confrontos durante a madrugada deixaram 24 mortos. Membros de tribos também confirmaram o número. “Quatro civis de duas famílias, incluindo uma mulher, foram mortos pela explosão que atingiu a casa deles”, afirmou a Saba. “Duas outras pessoas foram mortas em confronto com as forças de segurança.”
Autoridades tribais disseram que 12 soldados da Guarda Republicana e seis civis e membros de tribos foram mortos em outros confrontos, no final do dia de ontem. Segundo levantamentos do governo e da oposição, pelo menos 109 pessoas morreram em confrontos desde segunda-feira, inicialmente no centro de Sanaa, mas depois também em outras áreas da capital, segundo balanço da AP. A violência pode se tornar uma rebelião liderada por milícias, após meses de protestos civis nas ruas contra o regime.
Trégua
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, pediu hoje uma trégua. “Estamos bastante preocupados com os confrontos em andamento”, afirmou Hillary em Paris. “Pedimos a todos os lados que parem imediatamente com a violência.”
O líder tribal Ahmar acusou o presidente iemenita de arrastar o país para uma “guerra civil”. “Ali Abdullah Saleh deve partir”, afirmou o dissidente. O Ministério da Defesa afirmou hoje que Saleh pediu a prisão de Ahmar e de seus nove irmãos, todos acusados por “rebelião armada”. Ontem, o Departamento de Estado ordenou que todo o pessoal norte-americano no país que não atue em situações emergenciais deixe o Iêmen.
Saleh enfrenta protestos para que deixe o poder desde janeiro. Recentemente, ele se recusou a assinar um acordo defendido pelo Conselho de Cooperação do Golfo, que previa a renúncia do presidente em troca de imunidade judicial. Além dos protestos contra o regime, o Iêmen enfrenta ações da Al-Qaeda em seu território e confrontos entre tribos e as forças de segurança. Há ainda um movimento de secessão no sul iemenita e uma rebelião no norte. As informações são da Dow Jones, com agências internacionais.