Dominique De Villepin, o maior rival do presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou hoje que lançará um partido. O ex-primeiro-ministro busca ganhar espaço na política francesa de olho no pleito presidencial de 2012. A decisão aumenta a pressão sobre Sarkozy, cujo partido saiu derrotado nas recentes eleições regionais.
Também de centro-direita, como o atual presidente, Villepin já participou do mesmo ministério de Sarkozy, mas ambos romperam em meio à disputa sobre quem sucederia o então presidente Jacques Chirac, em meio a processos e acusações de golpes baixos.
O ex-primeiro-ministro, que era o favorito de Chirac, deu a entender que deve desafiar Sarkozy na corrida presidencial em 2012. “Eu decidi criar um movimento político, um movimento livre e independente, aberto a todos, que está acima das divisões e pode unir todas as boas intenções”, afirmou, em entrevista coletiva.
Ele disse que espera movimentar o cenário político francês “ao longo dos próximos dois anos”, afirmando estar “insatisfeito com a política praticada hoje pela maioria”, sem citar Sarkozy ou seu partido, a União por um Movimento Popular (UMP). “Nós não podemos aceitar viver em um país onde a desigualdade e a injustiça atingem esse nível”, disse Villepin. “Nós não podemos retardar nossa resposta.”
O lançamento oficial do novo partido será em 19 de junho. Villepin prometeu, além de promover reformas, uma “mudança de política” para lidar com a crise econômica, que levou o nível de desemprego na França para 10%, o pior em uma década.
Limitações
O professor de ciência política Laurent Bouvet, da Universidade de Nice, questionou se Villepin teria o peso para aparecer como um desafiante de fato para Sarkozy e a máquina política do UMP, de centro-direita. Bouvet notou que Villepin teria apenas uns poucos partidários no Parlamento e que, apesar de o movimento alegar que possui milhares de apoiadores, é também necessário ter muitos representantes eleitos para uma corrida eleitoral.
“Eu não acredito que a iniciativa de Dominique de Villepin causará uma grande transformação da política, mesmo na direita”, previu o analista. “Será muito limitada.” Villepin é um membro da UMP. Ele e Sarkozy eram ministros no governo Chirac, mas romperam em meio à disputa pela sucessão.
Sarkozy alegou que Villepin tentou difamá-lo, ao vincular seu nome a uma investigação judicial em 2007. Em janeiro, Villepin foi inocentado pela primeira acusação de conspiração no caso, mas promotores apelaram e deve haver um segundo julgamento, que poderia atrapalhar os planos para ele chegar à presidência em 2012.
Diplomata de carreira, Villepin foi primeiro-ministro entre 2005 e 2007. Mas foi em fevereiro de 2003, então chanceler da França, que ele fez uma aparição de impacto internacional, com um discurso no Conselho de Segurança da ONU contrário à guerra do Iraque.
Estratégia
O anúncio do novo partido veio em momento estratégico. Sarkozy parece vulnerável, após ficar com o controle de apenas uma das 25 regiões da França continental nas eleições ocorridas no domingo passado e no retrasado.
Na terça-feira, centenas de milhares de trabalhadores do setor público protestaram contra as políticas do governo. Ontem, Sarkozy fez um discurso sobre economia e segurança, de olho em sua base eleitoral de centro-direita. Membros da própria UMP questionam cada vez mais a liderança de Sarkozy. Para muitos líderes, o presidente foi o culpado pela derrota eleitoral e pela queda no apoio público ao partido. As informações são da Dow Jones.