Um funcionário de uma prisão do Zimbábue usou uma câmera escondida, que lhe foi dada por um jornal britânico, para filmar como ele e seus colegas foram forçados a votar em Robert Mugabe na contestada disputa presidencial para a presidência do Zimbábue, no mês passado. A agência de notícias Guardian postou o filme em seu website neste sábado (5) e disse que o funcionário, Shepherd Yuda, saiu do Zimbábue ontem e se encontra com sua família em local não revelado.

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Observadores internacionais disseram que a votação para a presidência do país, em 27 de junho, não foi livre nem justa, em grande parte em conseqüência da repressão violenta aos seguidores da oposição. Houve também relatos de adulteração de cédulas, como descrito no filme de Yuda.

As tentativas de falar por telefone com o porta-voz do governo do Zimbábue, para que ele comentasse o assunto hoje, não deram resultado. Autoridades do Zimbábue rejeitam as críticas sobre a eleição, na qual o líder do Movimento por Mudança Democrática, de oposição, Morgan Tsvangirai, foi o único outro candidato. O oposicionista abandonou o pleito. Mugabe foi declarado vencedor em 29 de junho e fez o juramento horas após a divulgação do resultado.

O filme, que dura cerca de dez minutos, mostra uma autoridade sênior, identificada como membro do partido de Mugabe, entregando cédulas a Yuda e outros funcionários da prisão e observando eles marcarem as cédulas. Fica claro que eles sentem não ter outra escolha a não ser votar em Mugabe, por medo do que a autoridade sênior pudesse fazer se votassem na oposição.

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Mais tarde, em particular, Yuda senta-se em frente à câmera e diz que marcar um "X" na cédula ao lado da foto de Mugabe "foi o momento mais difícil da minha vida". Outras cenas do filme mostram funcionários da prisão falando com medo de um parente de um colega que foi levado à força por militantes que apóiam Mugabe, e um encontro no qual pede-se que funcionários da prisão votem em Mugabe. São mostrados ainda alguns prisioneiros famosos incluindo o líder número 2 da oposição, Tendai Biti, e o ativista de direitos civis Jenni Williams. Biti, acusado de traição, e Williams, acusado em um caso separado de distúrbio à paz, já foram libertados sob fiança.