Alunos da Universidade de Zanjan, no Irã, filmaram o vice-reitor da instituição enquanto chantageava uma aluna para obter favores sexuais em troca do perdão de uma advertência disciplinar. O vice-reitor iraniano era o encarregado de zelar pelo respeito à moral islâmica na universidade e, na semana anterior, tentou fechar uma associação estudantil alegando que "contrariava a moral". O vídeo dos estudantes foi colocado no YouTube.
A prisão do funcionário, cujo nome foi mantido em sigilo, não foi suficiente para conter a indignação dos universitários, que fazem greve desde o último sábado (quando estourou o escândalo) e juntaram cerca de 3 mil manifestantes em um ciclo de protestos dentro da universidade.
O reitor da instituição, Alireza Nadaf, reuniu-se com os jovens para buscar uma saída, mas eles trataram de politizar o evento desde o princípio, vinculando-o à atuação do presidente iraniano, o ultraconservador Mahmud Ahmadinejad. Agora, os estudantes pedem a anulação de todas as advertências disciplinares já expedidas e exigem desculpas oficiais do ministério da Educação Superior do Irã.
Desde 2005, com a eleição de Ahmadinejad, a repressão às atividades políticas estudantis tornou-se mais intensa, com prisões e perseguição de jornais e associações dentro das universidades. Ironicamente, o vice-reitor flagrado na Universidade de Zanjan queria fechar a Agremiação dos Estudantes (de tendências reformistas) por julgá-la "imoral".
As imagens do vídeo mostram uma ação bem coordenada por parte dos alunos, que detiveram o vice-reitor de sala em sala, visivelmente transtornado, até a chegada da polícia. Também há cenas da concentração dos estudantes para protestar, ainda dentro da universidade. O vídeo foi colocado na internet sob o nome "Iran sex scandal in Zanjan University" ("Escândalo sexual iraniano na Universidade de Zanjan").
Essa é a primeira vez que o YouTube é usado como arma política no Irã. Mas não é o primeiro escândalo: há poucos meses, o general Reza Zarei, chefe da polícia iraniana e líder de uma dura campanha moralizante, foi preso por freqüentar um bordel na companhia de prostitutas. Zarei foi libertado recentemente, sob pagamento de fiança.