Vice-presidente do Iraque é condenado à morte

Um tribunal iraquiano condenou neste domingo à morte o vice-presidente sunita Tareq Al Hashemi, após considerá-lo culpado de crimes de terrorismo, enquanto uma onda de atentados em diferentes pontos do Iraque causou mais de 70 mortes e cerca de 300 feridos.

Hashemi, que está refugiado na Turquia, e seu cunhado, Ahmed al Qatan, foram declarados culpados pela morte da advogada Suhad al Obeidi, e de um oficial da polícia e sua esposa, segundo informou a televisão oficial “Al Iraqiya”.

O julgamento contra o vice-presidente foi retomado hoje no Supremo Tribunal Penal do Iraque, depois de uma mudança de juízes no processo, cuja sentença é recorrível nos 30 dias seguintes ao pronunciamento.

O sunita sempre negou as acusações contra si e denunciou que os testemunhos de seus guarda-costas foram conseguidos à força pelas autoridades de Bagdá.

O caso remonta a 19 de dezembro de 2011, quando as autoridades iraquianas emitiram uma ordem de prisão contra o vice-presidente e vários de seus seguranças por crimes de terrorismo, o que desencadeou uma crise política no país e tensões religiosas.

O bloco político de Hashemi, Al Iraqiya, chegou a boicotar temporariamente as reuniões do governo – liderado pelo xiita Nouri al-Maliki – e do Parlamento em sinal de protesto por essa decisão.

O vice-presidente fugiu então para o Curdistão iraquiano, onde obteve proteção do presidente da região autônoma, Massoud Barzani, para em abril viajar ao Catar e, dias depois, à Turquia.

O julgamento contra Hashemi começou no dia 3 de maio em meio a um amplo esquema de segurança, e cinco dias depois a Interpol (policial internacional) ditou uma ordem para sua prisão e entrega entre os 190 países-membros da organização.

A decisão coincidiu com uma série de ataques em várias províncias do país, em que morreram ao menos 78 pessoas desde a madrugada de hoje, de acordo com o último relatório de vítimas enviado à Agência Efe por uma fonte da polícia iraquiana.

O atentado mais sangrento aconteceu perto da cidade de Al Emara, onde 15 pessoas morreram e 50 ficaram feridas na explosão de dois carros-bomba.

Um dos veículos explodiu perto de uma mesquita xiita na região de Ali al Sharqi, 40 quilômetros ao norte de Al Emara, e, quando uma patrulha da polícia chegou ao lugar, o segundo carro explodiu.

Outro dos principais alvos dos terroristas hoje foi a cidade de Kirkuk, onde aconteceram quatro atentados.

No mais violento desses ataques, oito pessoas morreram e 30 ficaram feridas com a explosão de um carro-bomba perto de um centro de recrutamento da polícia.

Outro atentado semelhante registrado nas proximidades da universidade causou a morte de pelo menos sete pessoas e ferimentos a 50 outras.

A essas explosões se soma um ataque armado na madrugada, que tirou a vida de 11 pessoas, entre elas dois oficiais do exército, contra um posto de controle militar perto de Balad.

Na capital, a explosão de quatro carros-bomba em bairros de maioria xiita causou a morte de pelo menos 16 pessoas e deixou 77 feridos, em ataques que tiveram como alvo dois mercados e um restaurante, entre outros.