O vice-presidente da Argentina, Julio Cobos, afirmou ontem que será candidato à presidência em 2011. Além disso, em tom de desafio, afirmou que gostaria de enfrentar nas urnas o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), considerado o verdadeiro poder no governo de sua mulher, a presidente Cristina Kirchner.
No entanto, em entrevista ao jornal “Clarín”, Cobos – que aparece desde 2008 como o principal candidato da oposição, mesmo sem ter anunciado explicitamente sua candidatura – destacou que “Kirchner é um homem político e gosta de lutar”. Segundo ele, “não se deve subestimar o (governista) Partido Justicialista (peronista)”.
Cobos, representante da União Cívica Radical (UCR), tornou-se o político com melhor imagem entre os argentinos. Diversas pesquisas indicam que o vice – sóbrio e favorável ao consenso – é o presidenciável com maior intenção de voto. As pesquisas indicam que os argentinos estariam cansados do estilo de confronto do casal Kirchner.
Uma pesquisa da Management & Fit indica que Cobos tem 54,8% de imagem positiva, enquanto Kirchner chega a apenas 19,7%. Cristina tem 20,1%. Outra pesquisa, da consultoria Isonomía, afirma que o vice tem uma imagem positiva de 56,9%, enquanto Kirchner teria 24,5%.
Rebelde
Cobos era governador da Província de Mendoza quando, em 2007, foi convidado pelos Kirchners para integrar a chapa presidencial. Ele decidiu apoiar os Kirchners e criou um grupo dissidente, atitude que lhe valeu o repúdio da UCR. O vice se manteve discreto até meados de 2008, quando rachou com o casal Kirchner ao derrubar – na categoria de presidente do Senado – com seu voto de Minerva um tarifaço agrário encaminhado pelo governo. Nas cerimônias públicas os Kirchners nem sequer cumprimentam o rebelde vice.