Nunca houve tanta vaga para estudantes no Paraná. Só nesse mês, 20 instituições de ensino superior abriram inscrições para vestibular. E a boa notícia é que a concorrência é menor do que no vestibular do verão, mesmo nas universidades públicas.
?Eu fiz a prova no verão, quando tinham dez candidatos por vaga e não passei. Fiz de novo no inverno e passei. Foi muito mais fácil. Eram só seis alunos por vaga e até a prova eu achei mais simples?, conta Betina Lopes, aluna de Tecnologia da Comunicação Empresarial e Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
No vestibular desse ano da UTFPR a situação se repete. O número de vagas para curso mais concorrido, Engenharia Mecânica, é o mesmo nas duas épocas: 44. Mas a procura diminui no inverno e a concorrência que era de 22,27 candidatos por vaga, no verão, caiu para 15,40 candidatos por vaga nesse mês.
?É mais fácil sim, mas não é a prova que muda. O grau de dificuldade das questões é rigorosamente o mesmo, mas a concorrência é menor e a impressão que fica é que é mais fácil?, explica o presidente da comissão permanente de processos seletivos da UTFPR, Jair Almeida.
No meio do ano só entra quem já terminou o ensino médio, o que faz a concorrência diminuir ainda mais. É que muitos estudantes usam esse vestibular como teste – são os treineiros – e, mesmo que sejam aprovados não poderão se matricular.
?Eles tentam, passam, mas não se matriculam. Aí a gente lança mais uma chamada?, explica a professora Tânia Vianna, presidente da comissão de processos seletivos da Faculdades Curitiba. A primeira chamada da Curitiba está prevista para dia 5 de julho.
Diferença
A diferença entre o número de candidatos que disputam uma vaga no vestibular de inverno e no de verão surpreende. A Curitiba contou 1130 estudantes no vestibular de inverno de 2005. Seis meses depois o número mais do que dobrou: 2.339 candidatos. Tânia diz que isso acontece até no curso mais concorrido: ?Direito no meio do ano tem quatro candidatos por vaga. No verão são oito por vaga?.
Ela também chama atenção para outra diferença: a idade dos aprovados. Os que preferem o vestibular de inverno já estão trabalhando e segundo a professora, têm mais de 25 anos.
Chris Beller
Enem: caminho para ProUni
O ProUni é a melhor opção para o aluno com pouco dinheiro e muito interesse em cursar o ensino superior. E o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é obrigatório para quem pretende concorrer a uma bolsa do ProUni. Ele é um teste voluntário e pelo quinto ano consecutivo jovens e adultos que cumprem pena o farão. A prova será no dia 27 de agosto.
Em 2005, dois sentenciados que cumprem pena em regime aberto – no Paraná e no Distrito Federal – conseguiram bolsas do ProUni utilizando as notas obtidas no exame. Nesse ano 140 unidades prisionais aplicarão o Enem, entre elas unidades do Paraná.
Os professores da rede pública também se inscrevem no Enem para conseguir bolsas. E, diferente dos outros concorrentes, o professor não precisa comprovar renda. Basta que lecione na rede pública, pertença ao quadro permanente, esteja no exercício do magistério na educação básica e tenha obtido nota mínima de 45 pontos no Exame.
Esses candidatos podem concorrer a bolsas de estudos integrais ou parciais (50% da mensalidade), em cursos de Pedagogia, normal superior e nas licenciaturas de Matemática, Química, Física, Biologia, História, Geografia, Português (com opções de formação em inglês/francês/espanhol).
Critérios gerais
Para concorrer a uma bolsa do ProUni o candidato deve ter cursado o segundo grau em escola pública, comprovar renda familiar até três salários mínimos, ter alcançado a pontuação mínima exigida no ENEM, se inscrever no programa e escolher uma faculdade credenciada pela MEC. O estudante também precisa ser aprovado no vestibular dessa instituição.
Bolsas 2006
Nesse primeiro semestre, o ProUni concedeu 90.241 bolsas, das quais 72.016 integrais e 40.400 parciais (50% da mensalidade), distribuídas em 1.142 instituições de ensino superior de todo o País. É quase 20% a mais do que na primeira edição do programa, em 2005, quando foram oferecidas 112 mil bolsas.
Disque-ProUni Informações pelo telefone gratuito 0800-616161.
Financiamento, saída pra falta de grana
O Ministério da Educação (MEC) prevê para o segundo semestre deste ano a seleção do Financiamento Estudantil (Fies), que cobre metade do valor das mensalidades dos cursos superiores particulares. A data de inscrição ainda não foi anunciada.
Criado em 1999, o programa é para alunos de universidades particulares que não têm condições de pagar as mensalidades. Se for aceito, o estudante pagará o empréstimo, em parcelas, depois de formado. O reajuste é pela tabela Price.
Segundo informações do MEC cerca de 1.100 instituições de educação superior do País participam do programa que já foi usado por 412 mil estudantes.
Atualmente, 390 mil alunos usam o financiamento para estudar. Do total, 77 mil aderiram ao Fies em 2005.
Critérios
Para se inscrever no FIES é necessário já estar matriculado em uma instituição de ensino superior cadastrada e se inscrever no processo seletivo de candidatos do FIES.
Pesam na seleção dos beneficiados critérios socioeconômicos, como menor renda familiar; ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública; não ter curso superior completo; não ter residência própria e ter mais de um membro da família estudando, sem bolsa, em instituições de ensino superior não-gratuitas.
Mais informações sobre o programa podem ser obtidas pelo telefone 0800-5740101.
Cursinho de graça!
Tem cursinho de graça para negros com inscrições abertas, até domingo que vem, em Curitiba. A Associação Cultural de Negritude e Ação Popular do Agentes de Pastoral dos Negros (ACNAP) oferece 200 vagas. As aulas serão à noite, a partir do dia 3 de julho.
As inscrições devem ser feitas pelos telefones (41) 3349-6710 e 3233-5639, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, e no sábado em período integral. O atendimento será nos endereços Rua Alferes Poli, 441, no Centro, e na Rua Francisco José Lobo, 214, no Sítio Cercado.
Tem lugar pra todos!
Já faz algum tempo que os vestibulares de inverno ganharam a simpatia de estudantes mais velhos. Eles aumentam suas chances de passar evitando a concorrência acirrada com os recém-saídos do ensino médio, no fim do ano, e optando pelo ensino particular, que tem mais vagas.
Segundo dados do IBGE, a proporção de alunos com idade acima de 40 anos nas universidades brasileiras dobrou de 1991 a 2000. Entre aqueles com mais de 50, a porcentagem triplicou.
Aos 48 anos, o administrador de empresas Jânio Cardoso Rocha, cursa o quinto ano de Direito na Universidade Tuiuti.
É o melhor aluno da turma e convive bem com os colegas mais novos, a ponto de ser escolhido o representante da classe.
?Costumo dizer que serei um senhor advogado, mas a verdade é que tenho grandes planos para o meu diploma. Vou fazer concurso para promotor e seguir para a aposentadoria com um bom salário e estabilidade?, resume o consultor de empresas.
Aos 41 anos, a secretária Cristiane Portela cursa o terceiro ano de Publicidade e Propaganda junto com o filho, de 23. O sonho de fazer faculdade era antigo e o que pesou na decisão foi a possibilidade de motivar o filho a estudar e conseguir, para os dois, um futuro melhor. Mas na prática só um está gostando dessa idéia: ela.
?É até engraçado, mas quem está animada com a faculdade sou eu. Meu filho, como a maioria dos alunos mais novos, prefere ficar na cantina e nos corredores. Eles não pensam no futuro com a mesma seriedade?, analisa Cristiane.
Diferente do filho, Cristiane não pensa em parar a faculdade que custa quase R$ 800,00 por mês. Com o diploma universitário ela pode ter seus vencimentos multiplicados por dois, mesmo que não deixe de ocupar o cargo de secretária. Explica-se: ela é funcionária pública e o diploma nessa carreira é muito valorizado, sendo recompensado com promoção.
Para quem está insatisfeito com a própria profissão, voltar à universidade é um trampolim para a guinada. Foi assim com Ana Beatriz Mariano, que aos 28 anos está no segundo ano de Direito da Unibrasil. Ana é formada em Relações Públicas pela PUC, tem pós graduação em Marketing e morou mais de um ano na Inglaterra para aprender inglês.
?Toda essa qualificação só me rendeu bicos, emprego mesmo eu só consegui agora, cursando Direito. Não deixei de gostar de Comunicação, mas o mercado de trabalho é muito ruim. Não tem emprego. Como advogada as minhas oportunidades são muito maiores?, analisa Ana.
Chris Beller
Há mais vagas nas faculdades pagas
As faculdades pagas são as que mais oferecem vagas no País. E o setor da educação que mais cresce. Segundo o Ministério da Educação, oferecem 66% dos cursos superiores e têm 70% dos alunos matriculados.
Enquanto as vagas aumentam na rede privada, a concorrência se acirra nas instituições públicas. Em 2002, cada vaga na universidade gratuita era disputada por 9,4 candidatos – um crescimento de 20% em cinco anos.
Segundo o Censo da Educação Superior, cerca de 10% dos jovens estão matriculados no ensino superior, mas apenas um em cada oito conquista o diploma.
Concorrência maior nas públicas
Walquir Aureliano |
Entrar na Federal é sonho de qualquer vestiba. |
A concorrência é maior nas universidades públicas e tanto a Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR)como a Federal do Paraná (UFPR) estão realizando vestibulares.
Na UFPR Litoral as provas começam hoje e o curso mais concorrido é o de Fisioterapia, no turno da manhã, que tem uma relação de 8,80 candidatos por vaga. A segunda graduação mais disputada é em Gestão Ambiental, diurno, com uma média de 4,50 candidatos por vaga.
A segunda fase de provas será em Matinhos no dia 2 de julho. Na UFPR há sistema de cotas, sendo 20% das vagas destinadas a alunos que tenham estudado em escola pública, e outros 20% delas para estudantes negros.
UTFPR
As provas da UTFPR são em julho nos campi de Curitiba, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Medianeira, Pato Branco e Ponta Grossa. São 7.174 candidatos disputando 1.451 vagas em 37 cursos. O mais concorrido é de Engenharia Mecânica em Curitiba com 15,40 candidatos por vaga. O segundo mais concorrido é o curso de Engenharia Elética com 8,22 candidatos por vaga.
Educação tecnológica cresceu dez vezes
O número de cursos tecnológicos aumentou muito, mas as opções públicas e gratuitas, como a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, são minoria.
Os dados do Ministério da Educação mostram que em 1999, as faculdades e os centros de Educação Tecnológica ofereciam 74 cursos. Em 2004 esse número salta para 758, um aumento de 53,1% em relação ao número de cursos de formação tecnológica existentes em 2003.
Dos 758 Centros de Educação Tecnológica e Faculdades de Tecnologia, 51,8% pertencem ao setor privado e 48,2% são oferecidos pelo setor público.
Reaproveitamento também vale a pena
Nem todo mundo precisa passar pelo vestibular para entrar na universidade. Quem já tem uma formação pode optar pelo reaproveitamento de curso. Ele dispensa o vestibular em troca da análise das matérias cursadas.
Nas faculdades particulares é mais fácil conseguir uma vaga assim, mas essa possibilidade também é prevista pelas universidades públicas.
As vagas dependem de sobras não preenchidas pelos vestibulares ou desistências de estudantes depois do primeiro ano. Nesse caso o candidato pode terminar o novo curso em menor tempo, porque poderá eliminar disciplinas já cursadas anteriormente.