Venezuela promete cooperar com investigação espanhola

A Venezuela prometeu cooperar com o tribunal espanhol que acusa o governo do país sul-americano de colaborar com o grupo separatista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade) e com rebeldes colombianos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), disse hoje o ministro de Relações Exteriores da Espanha.

 

O ministro Miguel Angel Moratinos afirmou ter conversado ontem com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e com o ministro de Relações Exteriores, Nicolas Maduro, e que ambos negaram as acusações e prometeram fazer investigação. “Eles se comprometeram a cooperar com as autoridades espanholas para esclarecer totalmente a questão”, disse Moratinos durante uma visita a Yerevan, na Armênia.

O juiz espanhol Eloy Velasco indiciou ontem seis integrantes do ETA, a maioria deles exilados na América Latina, e sete integrantes das Farc por vários crimes, entre eles um complô para assassinar o ex-presidente colombiano Andres Pastrana e o atual presidente do país, Álvaro Uribe. Velasco disse que a investigação espanhola iniciada em 2008 apresentou evidências de “cooperação do governo venezuelano” entre os dois grupos.

O ministro de Relações Exteriores espanhol afirmou que a Espanha vai agora esperar que a Venezuela responda ao pedido do tribunal por mais informações para esclarecer a questão. Ele disse que as alegações de colaboração entre o ETA e as Farc não são novas, a novidade é a possibilidade de que o governo venezuelano possa estar envolvido. O ministro de Relações Exteriores da Venezuela afirmou ontem que as acusações são parte do que chamou de uma campanha contra o governo Chávez.

Campanha

O ETA realiza uma violenta campanha, desde o fim da década de 1960, pela criação de um Estado independente basco no norte da Espanha e no sudoeste da França. As Farc vêm lutando desde 1964 para depor sucessivos governos colombiano e estabelecer um Estado marxista. Ambos são considerados organizações terroristas pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.

Velasco identificou Arturo Cubillas Fontan, suposto membro do ETA, como importante ligação entre o ETA e as Farc. Fontan vive na Venezuela, teve um emprego no governo e ainda pode ser funcionário da administração Chávez, escreveu o juiz. Velasco disse que o ETA e as Farc mantém colaborações desde 1993.

Integrantes do ETA receberam treinamento ou ensinamentos em campos das Farc e integrantes do grupo colombiano viajaram para a Espanha para tentar matar o ex-presidente colombiano Andres Pastrana e o atual governante, Álvaro Uribe, com a ajuda do ETA, escreveu Velasco.

A investigação é baseada principalmente em e-mails que estavam no computador usado pelo líder das Farc, Raul Reyes, que morreu durante um ataque militar colombiano contra um campo das Farc no Equador em março de 2008. Hoje, Pastrana declarou à rádio espanhola COPE que o assunto exige “resposta clara e concisa do governo do presidente Chávez sobre o que aconteceu na Venezuela com esses homens que são acusados pelo juiz espanhol”.