Durante um ato com apoiadores na capital neste sábado, um dia antes do começo da votação para a Assembleia Constituinte, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, se mostrou confiante sobre o processo e disse que no domingo haverá uma “grande vitória popular”.

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Em meio a protestos generalizados no país, que deixaram centenas de mortes em quatro meses e a ameaça de sanções dos Estados Unidos que poderiam agravar a crise econômica, ocorrerá neste domingo a eleição de 545 membros de uma Assembleia Constituinte. O governo busca consolidar o seu poder, e a oposição está boicotando o processo.

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Maduro aproveitou o ato com apoiadores para criticar os governos dos Estados Unidos, do México, da Colômbia e do Panamá, que se opuseram à Assembleia Constituinte. “O imperador Donald Trump dá ordens como imperador que é e saem os seus vassalos, seus escravos, o governo da Colômbia, do México e do Panamá a cair de joelhos às ordens do império norte-americano”, disse Maduro, pedindo a seus apoiadores que vão às urnas para mostrar que “a Venezuela é respeitada”.

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O presidente disse que a delegados do partido têm tido “conversações diretas” com representantes da coalizão de oposição e afirmou que nos últimos dias “estivemos prestes a chegar a um acordo”, mas não revelou detalhes. A coalizão tem repetidamente negado manter quaisquer negociações recentes com o governo.

Maduro questionou ainda uma declaração do ex-presidente e facilitador do processo de diálogo, José Luis Rodriguez Zapatero, divulgada no sábado pelos meios de comunicação locais. Ele exigiu do político uma retificação pública por difundir de “forma imprudente” um comunicado em que fala de um eventual processo de consulta e que faltaria definir um calendário para eleições de prefeitos e presidenciais, entre outras coisas.

O presidente reiterou ameaças de que os líderes de oposição que têm promovido a violência nos últimos meses serão presos e disse que uma das primeiras tarefas da Assembleia Constituinte será a “transformação do Ministério Público” para que “haja justiça”.

O processo que impulsiona Maduro a reescrever a Constituição tem suscitado fortes críticas da coalizão de oposição, que convocou para o domingo a tomada das principais vias do país para a continuidade dos protestos antigovernamentais, que já se estendem por 120 dias e deixaram 114 mortos. A atmosfera na capital venezuelana era tensa. No sábado, a oposição realizou bloqueios em algumas vias, especialmente no leste da cidade, montando barricadas com entulho, restos de árvores e lixo em protesto contra a Assembleia Constituinte. Em outras cidades do interior, foram relatados protestos semelhantes.

Maduro defende que, com o processo constituinte, se abrirá um período de

paz e diálogo no país, mas a sua proposta alimentou ainda mais

tensões políticas. A oposição acusa Maduro de impor uma “fraude constitucional” e de usar a reforma da Constituição para garantir a permanência no poder em meio ao crescente descontentamento popular, assim como conquistar o controle do Parlamento e da Procuradoria-Geral, que vêm tendo enfrentamentos com o governo. Em uma tentativa de boicotar o processo, a coalização realizou em 16 de julho consulta simulada em que 7,5 milhões de venezuelanos rejeitaram reformar a Constituição.

Alguns países, incluindo os Estados Unidos, pediram a Maduro para suspender a Constituinte. O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, confirmou que Washington aplicará fortes sanções econômicas contra a Venezuela se o processo reformista for imposto. O governo do Panamá informou no sábado que apoia medidas adotadas pela Casa Branca de impor sanções a funcionários venezuelanos que organizaram a convocação da Assembleia Constituinte e advertiu que, assim como a Colômbia, não vai reconhecer os resultados das eleições.

Em comunicado, o presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, disse que apoia os esforços da comunidade internacional na defesa da ordem democrática e da paz social na Venezuela e agirá em estreita colaboração com as autoridades norte-americanas. Fonte: Associated Press.