O governo da Venezuela entregou nesta terça-feira (20) uma nota de protesto ao embaixador dos Estados Unidos em Caracas, Patrick Duddy, pela violação do espaço aéreo do país por um avião de guerra norte-americano, e exigiu garantias de que isso não se repetirá, informaram as autoridades.
O diplomata norte-americano leu uma declaração na qual diz haver detalhes do "erro de navegação", segundo a definição dada na segunda-feira pelo Pentágono, enquanto a Venezuela sustenta que se trata de uma "provocação", parte de uma "escalada" contra o país.
Duddy insistiu que se tratou de um avião "antidrogas", que entrou de maneira "acidental" no espaço aéreo venezuelano no sábado, na ilha de La Orchila, no Caribe, e prometeu que as autoridades norte-americanas tomarão medidas para que o fato não se repita.
"O chanceler me entregou uma nota de protesto por parte do governo venezuelano", disse o diplomata ao sair da reunião com o ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro.
Duddy disse que pediu a Maduro "maior cooperação em matéria antidroga e renovação do acordo" que os dois governos mantinham até alguns anos, o que em sua opinião contribuiria para evitar esses fatos, além de combater "o progresso da droga" na Venezuela e em "todo o continente". Ambos os governos, adversários políticos, mantêm uma polêmica em matéria de luta contra as drogas.
O presidente Hugo Chávez rompeu a cooperação com a agência antidrogas norte-americana DEA em 2005, quando denunciou que seus agentes espionavam seu governo. Desde que Chávez tomou essa decisão, os Estados Unidos divulgam informes segundo os quais a luta contra o tráfico de drogas por parte do governo venezuelano é insuficiente, e houve funcionários que chegaram a definir Chávez como cúmplice desse crime. Por sua vez, Maduro disse que a explicação do embaixador Daddy "não nos agrada"."Eles aceitaram o que aconteceu. Exigimos do governo dos Estados Unidos que este tipo de eventos não se repita mais, que haja um compromisso de respeitar a soberania aérea venezuelana, o espaço aéreo e a soberania política de nosso país", disse. O chanceler reiterou que a violação do espaço aéreo "faz parte de um conjunto de provocações" dos Estados Unidos e Colômbia contra a Venezuela.
Nesse marco, incluiu a declaração da Interpol segundo a qual o governo colombiano não manipulou os computadores que, segundo Bogotá, pertenciam ao dirigente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes.
Baseando-se em arquivos desses computadores, o governo da Colômbia vem difundindo oficialmente ou através da imprensa local e internacional acusações de cumplicidade e cooperação com as Farc por parte dos governos do Equador e da Venezuela.
Segundo a Colômbia, os computadores não foram danificados durante o ataque contra um acampamento das Farc, em território equatoriano, ocorrido em 1º de março, que matou 26 pessoas, entre elas, Reyes.