Venezuela define, nas urnas, força de Chávez para 2012

“O que queremos não é a maioria, mas a hegemonia indiscutível da Assembleia Nacional”, anunciou na sexta-feira Aristóbulo Istúriz, coordenador de campanha do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), liderado pelo presidente Hugo Chávez. A declaração mostra o espírito com o qual o governo chega às eleições legislativas de hoje, que indicarão os novos 165 deputados federais.

A oposição – que já classifica o processo como “viciado” – vai para as urnas com a limitada meta de tirar do chavismo sua maioria de dois terços, numa eleição para a qual 17,6 milhões de venezuelanos estão aptos a participar.

No ano passado, Chávez e seus aliados na Assembleia redesenharam o mapa de distritos eleitorais de modo a favorecer o PSUV – unificando ou dividindo circunscrições de acordo com esse objetivo, sob a alegação de “aproximar o eleitor de seu local de votação”. Desgastado pelos quase 12 anos de poder, a latente crise econômica agravada pela queda do preço do petróleo, o longo histórico de ações contra os meios de comunicação que lhe fazem críticas, o déficit energético que deixa boa parte do país às escuras de tempos em tempos e o crescimento descontrolado da criminalidade, o líder bolivariano vem experimentando seguidas quedas em seu índice de popularidade, segundo institutos de pesquisa venezuelanos. A aprovação de Chávez, que tinha mais de 70% em 2005, caiu para 57% no ano passado e tinha 37% no primeiro trimestre deste ano, afirmou ao Estado o diretor do instituto Datanálisis, Luis Vicente León.

Diante dessas cifras, estimam analistas, Chávez não hesitou em pôr toda a máquina bolivariana para tentar “massacrar” a oposição hoje, segundo suas próprias palavras, e assentar as bases para a disputa de mais um mandato, em 2012 – o quarto, levando-se em conta seu triunfo eleitoral de 1998, a renovação do mandato sob a Constituição de 1999 e a reeleição de 2006.

Para as eleições de hoje, o Datanálisis prevê para o PSUV 52% dos votos. Graças à manobra do redesenho, os 48% de votos da oposição renderiam não mais do que 52 cadeiras na Assembleia. Três assentos no Legislativo estão reservados a representantes dos povos indígenas.

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