Representantes dos quatro países fundadores do Mercosul reuniram-se nesta terça-feira, 23, em uma tentativa de aproximar posições sobre o futuro da presidência temporária do bloco, reivindicada pela Venezuela com apoio do Uruguai e oposição dos demais. Caracas não enviou representante e, logo após o encontro em Montevidéu, chamou uma nova reunião de coordenadores para as 11 horas desta quarta-feira, 24, na sede da secretaria do Mercosul “com o objetivo de abordar o futuro do bloco e avançar em uma maior e melhor integração durante o segundo semestre”. O comunicado termina com a avaliação de que o encontro será importante “para preservar a integridade do Mercosul”. A assistência a essa convocação indicará se há uma tendência de conciliação – se todos os integrantes participarem – ou de ruptura, caso Caracas mantenha só o apoio uruguaio ou fique sozinha.

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Conforme o vice-ministro de Relações Econômicas e Integração paraguaio, Rigoberto Gauto, representante de Assunção no encontro, houve coincidências entre Brasil, Argentina e Uruguai na reunião desta terça-feira, mas o comando administrativo seguiria vago. Ele evitou dar detalhes sobre as alternativas para superar o impasse e disse que seriam levados relatórios aos chanceleres. Um representante da Caracas foi convidado, mas não compareceu sob alegação de que o encontro não era uma atividade oficial do bloco.

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Não era esperada uma definição da reunião, por não envolver diretamente os ministros de Relações Exteriores. Em um encontro com maior hierarquia no dia 11 de julho, com a participação de chanceleres do Paraguai e do Uruguai, a ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, apareceu de surpresa para denunciar uma conspiração de direita.

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Ao sair do encontro desta terça-feira, o representante paraguaio acrescentou que o esforço para aproximar o Mercosul da União Europeia e da Aliança do Pacífico continuará apesar da falta de um coordenador reconhecido por todos os membros. Já havia um acordo para que, mesmo se Caracas assumisse a função, as negociações com outros mercados ficassem a cargo de Montevidéu. Paraguai e Brasil apoiavam a proposta argentina de uma presidência conjunta até janeiro, quando o governo de Mauricio Macri passa a ocupar o posto.

Delcy, que acusou Brasil, Argentina e Paraguai de formar uma Tríplice Aliança de direita contra seu governo, esteve na Índia na sexta-feira e falou em nome do bloco. “Abordamos o tratado de livre comércio entre Mercosul e Índia, e decidimos falar de temas para expandir esse acordo”, afirmou ela de Nova Delhi à televisão estatal VTV. (Rodrigo Cavalheiro)