Venezuela acusa Colômbia de espionagem

O governo da Venezuela acusou hoje a Colômbia de espionagem ao capturar, em território venezuelano, supostos integrantes do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), o serviço de inteligência colombiano.

A informação, revelada hoje pelo vice-chanceler venezuelano Francisco Arias Cardenas, aumenta a tensão entre Caracas e Bogotá, cujas relações se deterioraram ainda mais após a descoberta, no fim de semana, do assassinato de colombianos no Estado venezuelano de Táchira.

O Ministério de Relações Exteriores da Venezuela não divulgou detalhes da operação e a identidade dos presos, mas afirmou que todos eles serão processados em tribunais venezuelanos. A Venezuela ainda afirmou ter encontrado “planos de desestabilização contra o governo, o povo e a democracia”.

“Não se engane com o que significa para nós uma situação tão séria e tão grave como a captura de integrantes do DAS colombiano realizando ações de espionagem com planos contra nosso governo”, alertou Arias Cardenas, vice-chanceler venezuelano para a América Latina e o Caribe.

Em entrevista concedida à estatal “Venezolana de Televisión”, ele disse ainda que as autoridades apresentariam “nas próximas horas” provas que corroboram as acusações feitas por Caracas.

O governo do presidente Álvaro Uribe ainda não se pronunciou oficialmente sobre o episódio. No entanto, a embaixadora da Colômbia na Venezuela, María Luisa Chiappe, negou as acusações: “Não tenho conhecimento de integrantes do DAS realizando essas atividades na Venezuela”. A chancelaria venezuelana já havia enviado ontem uma nota de protesto para a Colômbia pela “reiterada presença” de agentes do DAS no território do país.

No documento, a Venezuela ainda pedia o “fim imediato” dessas atividades, assim como a suspensão de qualquer atividade que atente contra a soberania, integridade territorial e estabilidade democrática do país.

A nota foi a segunda enviada à Colômbia em menos de 48 horas. No sábado, o governo do presidente Hugo Chávez condenou as declarações do ministro da Defesa colombiano, Gabriel Silva, segundo o qual voos relacionados ao tráfico de drogas saíam da Venezuela.

Apesar de a chancelaria ter negado que a acusação de espionagem esteja ligada com o incidente na fronteira, o vice-presidente Ramón Carrizáles afirmou que os colombianos mortos poderiam ser agentes infiltrados na Venezuela.

“A maneira com que chegaram e sua identidade como grupo nos faz pensar que são parte desses planos de infiltração do governo colombiano apoiados por fatores internos”, disse Carrizáles. A possibilidade de as vítimas serem paramilitares também não foi descartada.

O governo colombiano optou por não apontar supostos culpados pelo ocorrido. O chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, apenas disse que “todas as hipóteses” estão sobre a mesa para discussão.

Ainda hoje, o cônsul da Colômbia no Estado venezuelano de Barinas, Jairo Martínez, disse que também investiga denúncias de um massacre de cinco colombianos na região ocorrido em agosto.