Usar preservativos é um mal menor que transmitir o vírus HIV para um parceiro sexual – mesmo que isso signifique que uma mulher evitou uma possível gravidez, disse o Vaticano hoje, sinalizando uma grande mudança no ensinamento papal, como foi explicitado em comentários do papa Bento XVI no final de semana passado.

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O Vaticano tem sido criticado há muito tempo por sua oposição ao uso dos preservativos, principalmente na África, onde a aids é muito espalhada. Mas a mais recente interpretação dos comentários de Bento XVI sobre os preservativos e o HIV significam, essencialmente, que a Igreja Católica Romana reconhece que sua postura de longa data contra o uso dos preservativos como método contraceptivo não justifica colocar a vida de alguém em risco.

“Essa é uma mudança”, disse o reverendo James Martin, um jesuíta e escritor. “Ao reconhecer que as camisinhas ajudam a evitar que o vírus HIV se espalhe entre as pessoas nas relações sexuais, o papa mudou completamente a discussão dos católicos sobre o preservativo”.

A mudança acontece no dia em que funcionários das Nações Unidas para a Aids informaram que o número de novos casos de infecção pelo HIV caíram significativamente, graças ao uso dos preservativos. Um jornal médico nos Estados Unidos também publicou hoje uma pesquisa que afirma que o uso diário de uma pílula pode evitar que o vírus se espalhe entre homens gays.

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No mundo inteiro, 33 milhões de pessoas vivem atualmente com o HIV. Em Serra Leoa, o diretor do Secretariado Nacional da aids prevê que o uso dos preservativos agora irá aumentar, reduzindo o número de infecções. O porta-voz do Vaticano, o reverendo Federico Lombardi, elogiou a “coragem” de Bento XVI em fazer as declarações e confrontar o problema. “Ele fez isso porque acredita que existe uma questão séria e importante no mundo de hoje”, disse Lombardi, acrescentando que o papa desejava dar sua visão sobre a necessidade de uma sexualidade mais humanizada e responsável. As informações são da Associated Press.