O Vaticano qualificou nesta quinta-feira (20) como "infundadas" as acusações do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, segundo o qual a publicação de charges que ridicularizam o profeta Maomé faz parte de uma "nova cruzada" liderada pelo papa Bento XVI. "São acusações totalmente infundadas", declarou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, em resposta à gravação de áudio de Bin Laden – divulgada na internet na véspera, quando se completaram cinco anos da invasão do Iraque e aniversário do fundador do Islã, de acordo com o calendário lunar.

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Autoridades italianas analisam as ameaças contidas na mensagem de Bin Laden contra a Europa e, em particular, o papa, que se prepara para a celebração da Páscoa. "Obviamente não podemos ignorar isso, mas, neste momento, não há nada que indique um perigo iminente", disse um funcionário do serviço de segurança italiano, embora outras fontes tenham afirmado à agência Ansa que a ameaça estava sendo levada muito a sério.

Bin Laden disse que a Europa será punida pelas charges, publicadas pela primeira vez num jornal dinamarquês, em setembro de 2005. As imagens causaram protestos sangrentos dos muçulmanos em vários países. No mês passado, jornais dinamarqueses republicaram uma das charges em solidariedade ao cartunista, depois que três homens suspeitos de planejar matá-lo foram presos – o que desencadeou uma nova irrupção de protestos por parte dos muçulmanos.

"A publicação desses desenhos – que faz parte de uma nova cruzada na qual o papa do Vaticano tem um papel preponderante – é uma confirmação da parte de vocês de que a guerra continua", disse Bin Laden, dirigindo-se "aos que são sensatos na União Européia". "É natural imaginar que ele (Bin Laden) incluiria o Vaticano e o papa em sua lista de inimigos. Mas não está correto", disse Lombardi, lembrando que Bento XVI foi rápido em condenar as charges dinamarquesas e fez uma crítica mais ampla à representação de figuras religiosas que ofendem membros de todas as crenças.

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Não é a primeira vez que a Al-Qaeda critica o papa. Muitos muçulmanos ficaram ofendidos com um discurso proferido por ele em 2006, entendendo que Bento XVI retratou o islamismo como uma fé violenta. Na linha da retórica de Bin Laden, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei também criticou nesta quinta-feira (20) "a tentativa do Ocidente de dividir os muçulmanos". "As potências arrogantes insultam o Profeta por causa do medo deles. Isso é um indicativo da sua derrota", disse.