O Vaticano taxou de “indigno e grave” o plano de uma igreja cristã dos Estados Unidos de queimar exemplares do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, no aniversário dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. O escritório do Vaticano encarregado das relações com o Islã afirmou nesta quarta-feira, em um comunicado, que todas as religiões merecem respeito e têm o direito de proteger seus livros sagrados, símbolos e locais de oração.
O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso condenou os atentados terroristas, mas acrescentou que “não se pode responder a eles com um gesto indigno e grave contra um livro considerado sagrado por uma comunidade religiosa”. O pastor Terry Jones, da pequena congregação Dove World Outreach Center, em Gainesville, na Flórida, afirmou que manterá sua ideia de queimar exemplares do Alcorão, apesar das críticas recebidas.
O Vaticano disse que a maneira correta de recordar o nono ano do ataque às Torres Gêmeas é oferecer solidariedade às vítimas e rezar por elas. Na véspera, o jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, informou que cristãos de todo o mundo protestavam contra os planos de Jones. “Ninguém queima o Corão”, dizia o título do jornal.
Apesar da indignação, especialistas em Direito notaram que, legalmente, Jones não pode ser impedido nem punido por queimar um livro sagrado. A professora Ruthann Robson, que leciona Direito Constitucional na Universidade da Virgínia Ocidental, disse que esse ato só poderia ser proibido se incluísse a incitação à violência, o que não é o caso até o momento.
A Casa Branca, grupos muçulmanos, o comandante das tropas norte-americanas no Afeganistão e até a atriz Angelina Jolie condenaram os planos do pastor. Uma pequena igreja alemã que rompeu com a congregação de Jones em 2008 também condenou a ideia.