O Vaticano alertou neste domingo que não há nada de “revolucionário” na afirmação do papa Bento XVI de que o uso da camisinha em circunstâncias excepcionais pode ser um ato responsável no combate à disseminação do HIV.
O principal porta-voz da Santa Sé, reverendo Federico Lombardi, divulgou um comunicado destacando que o comentário do papa que está num livro que será publicado nesta terça-feira não “reforma nem muda” os ensinamentos da Igreja, que proíbe o uso de preservativo e outros métodos contraceptivos. Bento XVI tampouco está “justificando moralmente” o exercício ilimitado da sexualidade, acrescentou Lombardi.
O papa acredita que o uso de camisinha para diminuir o risco de infecção é a “primeira assunção de responsabilidade”, diz o comunicado, usando um trecho do livro. “O raciocínio do papa não pode de modo algum ser definido como uma mudança revolucionária”, disse o porta-voz.
Bento XVI falou em entrevista a um jornalista alemão. O jornal do Vaticano L’Osservatore Romano divulgou ontem trechos do livro, “Luz do Mundo”, três dias antes da publicação.
Na entrevista, Bento XVI afirmou que em certos casos, como prostituição masculina, o uso da camisinha pode ser um primeiro passo em assumir responsabilidade moral para conter a disseminação do vírus que causa a Aids.
Lombardi destacou que o papa enfatizou a principal recomendação da Igreja na luta contra a Aids – a abstinência sexual e fidelidade entre os que são casados. O porta-voz citou as palavras de Bento XVI de que a Igreja “não considera isso (o uso de preservativo) como solução real ou moral”. “Com isso, o papa não está reformando ou mudando o ensinamento da Igreja, mas reafirmando-o, colocando-o no contexto do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade”, disse o porta-voz. As informações são da Associated Press.