Vaticano afasta papa de associação ao antissemitismo

O Vaticano precisou distanciar o papa Bento XVI das declarações feitas pelo pregador da Casa Pontifícia que comparavam as alegações de que o pontífice encobriu os casos de abuso sexual aos “aspectos mais vergonhosos do antissemitismo”. Horas depois da pregação, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que Rainero Cantalamessa não falava como oficial do Vaticano quando comparou os “ataques” ao papa a uma violência “coletiva” contra os judeus. Tal comparação, continuou Lombardi, “não é a posição oficial da Igreja Católica”.

O papa ouviu as comparações feitas pelo pregador franciscano Cantalamessa durante o serviço religioso da Sexta-Feira Santa, na Basílica de São Pedro. Evocar as comparações com antissemitismo foi particularmente sensível na Sexta-Feira Santa, uma vez que o dia representa décadas de esforço para que judeus e católicos superem um legado de desconfiança. Por longo tempo, manteve-se a crença de que os judeus foram coletivamente responsáveis por executar Jesus Cristo, até que o Conselho do Vaticano em 1960 declarasse que os judeus não deveriam ser culpados pela crucificação.

Cantalamessa afirmou que suas observações foram inspiradas por uma carta de um judeu amigo não identificado que estava incomodado com os “ataques” contra Bento XVI.