Pelo menos 58 pessoas morreram na repressão do governo de Guiné aos protestos de oposicionistas realizados hoje na capital do país africano, revelou uma fonte médica. De acordo com o médico, 58 corpos foram levados ao necrotério da capital Conacri na tarde de hoje. “Nós contamos 52 corpos e seis acabaram de chegar”, disse a fonte, lotada no centro médico da Universidade Donka.
Um representantes da Cruz Vermelha disse que os comandantes militares guineanos deram ordens para que os corpos fossem levados a uma base do exército, e não aos necrotérios. No hospital Ignace Deen, outra fonte médica disse à agência que um caminhão do exército levou dali “dezenas de corpos”, levando-os a um “local desconhecido.
Em Paris, o governo francês denunciou, por meio de nota divulgada pela chancelaria, a “repressão violenta” aos manifestantes.
De acordo com testemunhas, soldados dispararam contra uma multidão aglomerada em um estádio onde manifestantes realizavam um protesto contra o líder de um golpe no país. Os partidos da oposição organizaram o protesto no principal estádio de futebol de Conacri, reunindo aproximadamente 50 mil pessoas. “Nós queremos democracia de verdade”, gritavam eles.
As tensões cresceram no país, em meio aos rumores de que o líder militar guineano, capitão Moussa “Dadis” Camara, poderia participar das eleições presidenciais de 31 de janeiro de 2010. Camara chegou ao poder em dezembro do ano passado, horas depois da morte do ditador Lansana Conté. Camara inicialmente disse que não concorreria, mas agora diz que tem esse direito, se quiser.
Desde que obteve sua independência da França, há meio século, a Guiné não consegue sair de seu quadro de miséria. A população local está entre as mais pobres do mundo, apesar de o solo guineano ter diamantes, ouro, ferro e metade das reservas de matérias-primas para a produção de alumínio do mundo. Com informações da Dow Jones.