O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, ordenou uma operação de resgate do governador do Estado de Caquetá, Luis Francisco Cuéllar, e de todos os outros reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), apesar dos apelos de seus parentes, que temem o fracasso de operações como essa. “Não podemos continuar à mercê dos caprichos dos terroristas”, disse Uribe. “Essa é a hora de ter firmeza para avançar no resgate militar dos sequestrados.” As Farc, porém, não reivindicaram a autoria do sequestro.

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A guerrilha mantém 24 policiais e militares em cativeiro, mas havia prometido liberar unilateralmente dois deles – entre eles o cabo Pablo Emílio Moncayo, sequestrado há 12 anos. A ordem para o resgate militar dificulta as gestões para tais libertações. “Faço um chamado ao governo para que não use o que está acontecendo para impedir as libertações”, afirmou Gustavo Moncayo, pai do cabo em poder das Farc.

Esse foi o mais grave sequestro ocorrido durante o governo Uribe, que assumiu seu primeiro mandato em agosto de 2002 prometendo mão dura contra a guerrilha – até agora ele não descartou concorrer pela terceira vez à presidência, o que exigiria uma mudança constitucional.

O ataque aconteceu pouco depois das 22 horas de ontem, enquanto o governador dormia. Segundo testemunhas, a porta de sua casa em Florencia, a capital de Caquetá, foi detonada com explosivos. Logo depois, cerca de dez homens armados e com uniforme militar desceram de uma caminhonete e invadiram a residência. Houve troca de tiros com a equipe de segurança do governador. Um policial morreu e dois ficaram feridos.

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Cuéllar foi colocado em um veículo ainda de pijama. Segundo o secretário de governo de Caquetá, Edilberto Ramón Eldo, ele vinha sendo ameaçado e chegou a pedir mais proteção às autoridades federais. “O único grupo que opera aqui são as Farc, por isso, muito provavelmente foram eles que levaram o governador”, disse Eldo.

À tarde, Bogotá emitiu um alerta para o Exército e a polícia com o objetivo de impedir que Cuéllar seja levado para um cativeiro em alguma área rural. Uribe também ofereceu uma recompensa de 1 bilhão de pesos (cerca de US$ 500 mil) a quem der informações que levem ao resgate.

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Ousadia

Até 2002, ano em que Uribe assumiu, as Farc fizeram uma série de ações ousadas para sequestrar autoridades. Em abril daquele ano, guerrilheiros entraram na Assembleia Departamental de Valle del Cauca fingindo ser membros de um esquadrão antibombas e fizeram 12 parlamentares entrarem em um ônibus, que os conduziu para uma região de selva.

Nos últimos anos, porém, a guerra contra as Farc deu resultados: a guerrilha foi empurrada para rincões mais isolados da Colômbia, diversos líderes foram mortos e reféns foram libertados. Em julho de 2008, uma operação libertou a ex-senadora Ingrid Betancourt e três norte-americanos.