Universidades são ninho das tecnologias desenvolvidas no país

A criação de redes de pesquisa e os financiamentos diretos não foram suficientes para suprir as expectativas do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em relação às nanociências e as nanotecnologias. Um dos Institutos do Milênio, criados pelo órgão em 2001, é dedicado às nanociências.

Virtual, o instituto congrega 66 pesquisadores de várias especialidades e de 21 instituições nacionais em uma rede que investigará vários sistemas nanoestruturados, definidos pela instituição como prioritários para o desenvolvimento tecnológico em microeletrônica, optoeletrônica, fotônica, telecomunicações e bioengenharia.

De acordo com Alaor Silvério Chaves, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o instituto que ele coordena tem duas vertentes bem definidas para atuação: a formação de pessoal e a alocação desses profissionais no setor produtivo. “Estamos em um nível intermediário em nanociências, somos os mais desenvolvidos do hemisfério sul, estamos no mesmo estágio de países médios da Europa, como Espanha e Holanda. Entretanto, quando analisamos a participação das empresas na produção de nanotecnologias esse percentual é muito reduzido”, explica.

A expectativa com os investimentos em formação de pessoal é criar outros Peter William de Oliveira, físico brasileiro que recebeu, no mês passado, o premio Fórum de Nanotecnologia de Berlim, financiado pela Dynamit Nobel, organização fundada pelo sueco Alfred Nobel, inventor da nitroglicerina. Oliveira foi premiado por descobertas em nanotecnologia ótica e detém quinze patentes na área de materiais óticos. O pesquisador está há dez anos na Alemanha onde chefia um grupo de pesquisa de materiais em Saarbruecken.

Dados fornecidos por Chaves revelam a grande disparidade existente entre a participação de doutores na indústria norte-americana e na brasileira. Dos engenheiros doutores formados em 1997, nos Estados Unidos, 78% trabalhavam na indústria. No Brasil esse percentual não chega a 3%. Nas ciências físicas, 56% dos doutores estão alocados em indústrias norte-americanas, enquanto que no Brasil, menos de 1% dos doutores estão no setor produtivo. Chaves acredita que essa situação só se reverta quando “as empresas se conscientizarem que é melhor desenvolver uma tecnologia adequada às suas necessidades que comprar tecnologia pronta”. A expectativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) é que isso comece a mudar com o Projeto de Lei de Inovação que prevê incentivos para as empresas que investirem em tecnologia.(Hebert França)

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