ARQUEOLOGIA DO ORIENTE MÉDIO
As campanhas arqueológicas patrocinadas pela Universidade Andrews na Colina de Tell Hesban, na Jordânia, foram realizadas sob o denominativo de “Expedição Heshbon”. O uso do vocábulo Heshbon em lugar de Hesban, refletia o propósito inicial das escavações, o qual era entrar em contato com as ruínas da antiga cidade de Heshbon, referida no Velho Testamento.
Um dos primeiros exploradores a chegar a Tell Hesban foi Seetzen, em 1805. Depois dele, muitos outros exploradores e estudiosos bíblicos estiveram trabalhando nessa colina situada nos limites das alturas da Transjordânia. Cada um deles, após analisar seus dados, aceitava aquela localização como sendo o lugar onde foram sepultadas as ruínas de Heshbon.
A Universidade Andrews iniciou suas campanhas arqueológicas em 1968. Logo, os seguintes quatro períodos de escavações foram efetuados em 1971, 1973, 1974 e 1976. Além do patrocínio da própria Andrews, contou-se com o suporte do Departamento de Antiguidades da Jordânia, em Amã, da Fundação de Pesquisa Arqueológica de Nova York e de alguns seminários teológicos da América do Norte, como também de pessoas interessadas no investimento. É digna de nota a participação como voluntário por um período curto nas escavações, do príncipe Raad Zeid Hussein, da Jordânia.
Escavações em quadras
Os trabalhos arqueológicos se realizaram segundo os procedimentos normais utilizados nas escavações da Palestina. Inicialmente foram traçados espaços quadriláteros de sete metros de lado nos setores onde supostamente estariam cobertas as ruínas da antiga cidade.
Ao todo, escavaram-se 34 dos espaços quadriláteros durante as cinco primeiras campanhas. As quadras traçadas foram agrupadas em áreas identificadas por letras alfabéticas em maiúscula. Em cada quadra podia ser identificada uma camada ou um outro objeto de importância arqueológica, como uma parede, poço, base de coluna, etc., os quais recebiam a denominação de “locus” (lugar), e um número que correspondia à seqüência cronológica do achado.
Essa relação permitia o registro necessário de qualquer vestígio, indicando o ano da campanha arqueológica em que foi descoberto, a área, a quadra e o “locus”. Assim, um vestígio de cerâmica encontrado na campanha arqueológica de Hesban do ano de 1971, na área A, na quadra 3 e no “locus” 12; podia ser registrado como H 71 A. 3:12.
As quadras trabalhadas variavam quanto à medida em profundidade alcançada, indo de um a oito metros de fundura. Analisando cuidadosamente a disposição das camadas no substrato de Tell Hesban, e comparando as observadas em cada quadra escavada, chegou-se a identificar horizontes estratigráficos correspondentes a 19 períodos de ocupação. Pelas características apresentadas, definiu-se que a primeira camada ou a mais antiga corresponderia ao período do Ferro I, ou seja, a 1200 a.C. Os subseqüentes horizontes estratigráficos revelavam ocupações efetuadas durante os períodos helenístico, romano, bizantino e finalmente muçulmano.
Primeiro achados
Além desse trabalho em profundidade dos espaços quadriláteros delimitados, abriram-se 41 “sulcos de prova” escavados em diferentes lugares detrás do principal setor de escavações. Também foram abertos e penetrados 40 túmulos e cavernas encontrados nos limites e nas proximidades da colina.
Os setores escavados que ofereceram atenção durante as primeiras campanhas foram os situados na parte alta da colina, ou “acrópoles”. Ali se encontrou a estrutura básica de uma construção pública facilmente evidenciada.
Outros achados se registraram como cisternas, canais de águas, depósitos de cereais, paredes de fortificações, ruas pavimentadas, fornos de pedra, poços. Além dessas ruínas, descobriram-se fragmentos de cerâmica, ossos de animais, artefatos de pedra (ferramentas, pilões, etc.), moedas e sementes carbonizadas.
Ruben Aguilar
, Ph.D, é professor de Arqueologia no Seminário Adventista de Teologia, no Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP.Editor desta sessão:
Ruben Dargã Holdorf