Cerca de 83% das meninas que não vão à escola vivem na África, ao sul do Saara, e no sul e leste da Ásia.
Os dados mais recentes em nível mundial indicam que a inscrição e a freqüência das meninas são inferiores a 85% em 70 países, segundo o Unicef.
O informe, que sublinha em particular o drama das meninas, denuncia a “falta de adequação” dos países desenvolvidos, que não respeitaram “os compromissos assumidos”.
“Apesar das promessas feitas pelos países doadores em 1990 para o financiamento da instrução, e os compromissos assumidos em 1996 para assegurar a instrução primária universal até 2015, o fluxo total de ajudas dirigido aos países em vias de desenvolvimento na realidade diminuiu nos anos 90”, diz o documento.
Segundo a agência para a infância da ONU, se não se atuar com firmeza para aumentar nos próximos anos o número de meninas que tem acesso à escola, os objetivos globais para a redução da pobreza e o melhoramento das condições humanas não serão cumpridos.
Para a Unicef, a discriminação desse tipo, principalmente na instrução, “obstaculiza os esforços para o desenvolvimento e o futuro dos países”.
O informe assinala, entre outras coisas, que as meninas às quais se nega a instrução são mais vulneráveis à violência, aos abusos e ao tráfico de seres humanos. Elas também correm maior risco de morrer durante o parto ou de contrair doenças como a Aids.
A região que necessita de maior ajuda é a África, ao sul do deserto do Saara, onde o número de meninas excluídas anualmente da escola passou de 20 milhões em 1990 para 24 milhões em 2002.
A relação matrícula/freqüência de meninas na escola primária no período de 1996 a 2002 tem percentual médio mundial de 81%, com 97% nos países industrializados, 80% nos países em vias de desenvolvimento e 63% nos países menos desenvolvidos.
Incluir instrução na luta pela redução da pobreza
Em relação à instrução secundária, com a exceção de Butão, os países com menor número de matrículas femininas se encontram ao sul do Saara, em Burkina Fasso, Burundi, Chade, Etiópia, Guiné, Níger, Somália e Tanzânia, com taxas de matrículas inferiores a 10%. Essa região tem também poucas professoras (25%).
Em dois terços dos países árabes as mulheres representam menos da metade do corpo docente, enquanto na América Latina e no Caribe elas ocupam 80% dos postos.
O Unicef relançará uma campanha pela instrução das meninas para acelerar a eliminação dessa disparidade nas escolas primárias e secundárias nos países que apresentam maiores problemas.
Além disso, o informe assinala que outra medida específica contra esse fenômeno deveria ser a criação de uma ética nacional que reconheça o valor da instrução para a infância. Também recomenda considerar a instrução das meninas um elemento essencial nos planos de desenvolvimento, abolir as taxas escolares, incluir a instrução nas estratégias nacionais para a redução da pobreza e aumentar os fundos internacionais para a instrução.
