A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ann Veneman, afirmou ontem que algumas pessoas podem ainda estar tentando contrabandear crianças para fora do Haiti. Segundo ela, proteger os menores que sobreviveram ao terremoto do dia 12 de janeiro no país é a principal preocupação da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) no momento.
Ann revelou que o Unicef está iniciando um programa para identificar crianças que perderam ou não conseguem encontrar seus pais. A entidade também trabalha com outros grupos para que crianças sozinhas possam receber água, comida e auxílio psicológico.
“Esta é uma emergência para as crianças”, disse a diretora-executiva. Após visitar o Haiti na semana passada, ela disse que sempre, em uma crise humanitária, há o risco de que crianças sejam sequestradas para exploração sexual, adoção, trabalho infantil ou outros propósitos ilegais. No Haiti, reconheceu ela, essa é “uma grande preocupação”.
Na semana passada, dez norte-americanos foram acusados de sequestro e associação criminosa por tentar levar 33 crianças sem documentos para a vizinha República Dominicana, em 29 de janeiro. Os missionários batistas afirmaram que tinham apenas boas intenções e levariam as crianças para um orfanato.
Ann disse que não há estimativa sobre quantas crianças ficaram sozinhas após o terremoto do dia 12 de janeiro. Segundo o governo local, morreram pelo menos 230 mil pessoas na tragédia. O número é igual ao das vítimas do tsunami na Ásia, em 2004. Segundo o governo haitiano, porém, o número ainda pode subir. Foram contabilizados 300 mil feridos no tremor de 7 graus na escala Richter. Ann disse que, segundo estimativas populacionais, 38% dos nove milhões de haitianos são menores de 15 anos, enquanto 45% deles têm 18 anos ou menos.