A União Européia declarou hoje que considera a Ucrânia um país europeu e lançou um acordo de associação com Kiev. A declaração é um claro sinal de apoio à ex-república soviética, em meio a temores sobre as ambições russas para ampliar sua influência sobre a região. O acordo, no entanto, só deverá ser assinado a partir de 2009. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que mantém a presidência rotativa da UE, disse que é a primeira vez que o bloco se expressa claramente sobre o lugar da Ucrânia na Europa. “É a primeira vez que a União Européia se expressou tão claramente sobre o papel europeu da Ucrânia”, disse.
Sarkozy falou após um encontro com o presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, onde a UE concordou em aprofundar os laços com o país rumo a um acordo de associação. Trata-se de um passo inicial para um possível ingresso da Ucrânia no bloco. O ingresso permanente é um projeto antigo do governo de Yushchenko pró-Ocidente. “Nós dissemos seriamente que a Ucrânia é um país europeu que divide uma história e valores comuns com os países da União Européia”, afirmou Sarkozy.
O acordo de associação lançado nesta terça-feira (9) tem três objetivos principais: levantar restrições para que cidadãos ucranianos viajem para Estados da União Européia; afirmar que futuros laços entre os países permanecem uma opção; e enfatizar que o país divide uma história e valores comuns com a Europa.
A guerra entre Rússia e Geórgia, no mês passado, levantou temores na Europa e nas ex-repúblicas soviéticas, como a Ucrânia sobre as ambições regionais de Moscou. O Kremlin tem desaprovado, nos últimos anos, a aproximação de nações da região do Ocidente, além de se opor fortemente ao desejo de alguns desses países de ingressarem na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, disse que a aproximação com a Ucrânia não deveria desagradar a Rússia. “Nós não precisamos de uma Guerra Fria na Europa, nós precisamos de cabeças frias”, avaliou.