O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota disse hoje (21) no Riocentro que os países que integram a Unasul, União de Nações Sul-Americanas, decidiram enviar uma comissão de chanceleres ao Paraguai, para acompanhar a crise que se desenvolve no país desde os episódios do último dia 15 de junho, quando registraram-se enfrentamentos entre agentes policiais e camponeses, com o resultado de 18 baixas dos dois lados.
Na manhã de hoje, o Parlamento paraguaio aprovou o início de um processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, a quem partidos de oposição responsabilizam pelos confrontos.
Segundo Patriota, o governo brasileiro posiciona-se pela preservação da estabilidade e da ordem constitucional paraguaia e pelo direito de defesa e devido processo legal do presidente. “Nosso compromisso é com a democracia. A Unasul conquistou a muito custo a democracia e todos nós devemos ser defensores da integridade democrática da América do Sul”, disse Patriota.
Como uma só voz
A Unasul é um organismo político formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Criado formalmente em 2008, o bloco de países sul-americanos serve como um foro de discussão, e como uma “plataforma” para que essas nações anunciem posições conjuntas sobre temas como a crise global, e tomando, inclusive, providências comuns.
Em abril, por exemplo, a secretária-geral do bloco, a colombiana María Emma Mejía, entregou ao seu colega das Nações Unidas Ban Ki-moon uma declaração com o apoio unânime da América do Sul às reivindicações argentinas ao Reino Unido pelas Ilhas Malvinas.
Sem renúncia
Lugo já anunciou que vai enfrentar o julgamento político e não pretende renunciar. O pedido para abertura de um processo de impeachment foi aprovado hoje na Câmara dos Deputados paraguaia, dominada pela oposição, e segue ainda hoje para o Senado, onde as forças antigovernistas também predominam.
O presidente paraguaio é acusado de “mau desempenho de suas funções”, principalmente por um episódio sangrento de conflito de terras ocorrido na semana passada. Um confronto armado deixou seis policiais e 11 camponeses mortos na sexta-feira passada em Curuguaty, a 250 km da capital.
O episódio forçou a saída do ministro do Interior, Carlos Filizzola, e do comandante da polícia, Paulino Rojas, que deixaram seus cargos pressionados pelo Congresso. A reforma agrária era uma das prioridades do governo de Lugo, mas o mandatário teve dificuldades para aproximar posições entre as organizações camponesas e os proprietários, na medida em que buscava colocar ordem no organismo encarregado pela distribuição de terras.