?A rose is a rose is a rose.? Gertrude Stein tem toda a razão. Não obstante, quantos milhares de poemas, crônicas, hinos, cantatas, ditirambos, foram dedicados nos últimos trinta séculos à rainha das flores, em algumas dezenas de línguas? A verdade é que, mesmo que a rosa, vítima de quaisquer vicissitudes ou percalços lingüísticos ou filológicos, deixasse de ser chamada rosa, nem por isso ela seria menos bela e perfumosa, como escreve Shakespeare num dos seus sonetos admiráveis. E o bardo não sabe mentir.

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Uma coisa é indubitável: antes de ser uma realidade botânica, a rosa chega a ser um fato da história da civilização. Ao longo dos séculos, ela foi sucessivamente cantada por Píndaro e Virgílio, Ovídio e Lucrécio, Anacreonte e Horácio, Petrarca e Camões, Dante e Shakespeare, Garcilaso e Espronceda, Byron e Verlaine, Goethe e Rilke, Lamartine e Musset, Pessoa e Drummond, Cecília Meireles e Sofia de Melo Breyner Andresen. E ?tutti quanti?.

 Mas penso que nenhuma rosa se compara àquela rosa-menina que foi cantada com gênio por Malherbe, no seu famoso poema ?Consolação para Du Périer?, em que o poeta tenta mitigar a dor do amigo dileto pela perda da sua filhinha. Escreve ele, concluindo o poema admirável:

?Et, rose, elle a vécu

 ce que vivent les roses:

 l?espace d?un matin?.

Passo a traduzir, procurando não dar razão ao

clássico brocardo italiano: ?traduttore, tradittore?:

?E, rosa, ela viveu  o que vivem as rosas:

 uma breve manhã?.

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