mundo

Ultradireita avança em eleição na Espanha

Em nenhum outro lugar da Espanha a súbita ascensão dos ultradireitistas do partido Vox é tão significativa quanto na Andaluzia, região que já foi reduto do socialismo espanhol. Em 2015, o partido radical tinha 3 mil filiados no país todo. Hoje, são 50 mil – 2 mil apenas em Sevilha, maior cidade andaluz.

Durante as celebrações da Semana Santa, data religiosa mais importante da Espanha, as pautas pelas ruas da cidade de Jaén, na Andaluzia, eram duas: as eleições gerais, que ocorrem amanhã, 28, e a ascensão do Vox. “Os políticos só roubaram por aqui. Acho que agora é a hora de uma mudança drástica. Precisamos de um governo firme, que faça com que o país cresça”, diz a aposentada Marisol Soledad Olmo Villar, de 88 anos. “Chega. Estamos no limite. Queremos uma Espanha livre da ameaça do socialismo.”

A poucos metros dali, jovens com idade entre 18 e 25 anos se reúnem próximo à catedral de Jaén. O intuito é promover um debate sobre política. “Meu voto é do Vox, claro. As pessoas pensam que os eleitores do partido são todos velhos e conservadores. Preciso de emprego e quero um país melhor para meus filhos. Aqui tem muito imigrante. Não acho certo”, afirma o estudante Juan Ortega, de 23 anos.

Em dezembro, pela primeira vez em 36 anos, uma força de ultradireita obteve representação parlamentar na Espanha. O Vox conquistou ao todo 12 cadeiras no Congresso regional de Andaluzia. Até então, o país, que passou por três décadas da ditadura de Francisco Franco, vinha resistindo à onda populista de direita que chegou à Europa.

Com a vitória regional, o Vox, liderado por Santiago Abascal, deu um passo gigante para eleger representantes nacionais e ser peça fundamental no próximo governo. “É impossível que o Vox tenha votos suficientes para formar o governo e indicar o primeiro-ministro da Espanha. A intenção do partido não é essa. O objetivo é crescer e conquistar visibilidade nacional. Seria o primeiro partido de extrema direita a entrar no Legislativo desde 1982, quando Blas Piñar, do Fuerza Nueva, que reivindicava a herança do franquismo, deixou o cargo de deputado”, afirma o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Nacional de Madri, Jaime Pastor Verdú.

Em fevereiro, o premiê espanhol, o socialista Pedro Sánchez, convocou eleições antecipadas após sua proposta de orçamento ser derrotada no Parlamento por uma aliança de partidos de direita – PP (Partido Popular) e Ciudadanos – mais os independentistas catalães.

A eleição é a quarta em oito anos e deve favorecer a formação de uma maioria parlamentar conservadora, que inclui o Vox. As últimas pesquisas previam 8% de intenções de voto para a legenda. Isso seria o suficiente para o partido garantir entre 25 e 30 assentos no Parlamento.

Nas ruas de Madri, dezenas de jovens adeptos do Vox distribuem panfletos e oferecem informações sobre o partido. A estratégia é persuadir a classe trabalhadora, que ainda está indecisa. A panfletagem quebra o paradigma de que apenas a elite conservadora e mais velha da Espanha é adepta das ideias do Vox, como bem lembra o professor Verdú. “Há de tudo. É impossível estereotipar. Claro que o público mais velho ainda é majoritário. Os jovens, porém, também gostam das ideias do Vox porque se sentem representados. Há um descontentamento geral da juventude com o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e o PP, que dominaram politicamente a Espanha nos últimos anos”, diz.

Fundado em 2013 por ex-militantes do PP, o Vox defende uma política de imigração mais severa e faz críticas à União Europeia. O Vox ainda rejeita leis que protejam as mulheres contra a violência doméstica, também é contra o aborto e o casamento gay. A principal bandeira da legenda é seu posicionamento contra o separatismo catalão. Javier Ortega, secretário-geral do Vox, quer que os partidos secessionistas sejam banidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo