Uma delegação da União Europeia afirmou que houve progressos em Zimbábue após uma reunião com o presidente do país, Robert Mugabe. O encontro, que tinha como objetivo diminuir as tensões diplomáticas entre as duas partes, foi o primeiro entre o líder zimbabuano e o bloco europeu em sete anos e teve como foco o governo de coalizão do país.
“Acho que devemos reconhecer que houve progresso, mas ainda há muitos problemas pendentes, e eles foram discutidos com o presidente em uma atmosfera de bastante abertura”, afirmou o Comissário de Desenvolvimento da UE, Karel de Gucht. “Pedi ao presidente que reforçasse a implementação do acordo político global (GPA, em inglês)”, que regula o governo de coalizão.
Embora tenha demonstrado revolta na sexta-feira com os “brancos sanguinários” por interferirem nos assuntos de Zimbábue, Mugabe recebeu a comissão neste sábado “de braços abertos”, afirmando que suas ressalvas são dirigidas à Inglaterra, e não às potências ocidentais de forma geral. “Sou uma pessoa que os britânicos não gostam”, afirmou.
Mugabe disse também que a reunião com os delegados foi boa. “Eles fizeram perguntas sobre o GPA e acharam que não estava funcionando, mas tudo o que pediram para fazermos sob o GPA nós fizemos”, disse Mugabe. “Tivemos um bom entendimento, nenhuma animosidade, foi uma reunião bastante amigável.”
Mugabe expressou descontentamento com as restrições a viagens e o congelamento tanto de seus bens quanto dos bens de seus principais aliados. “Estou decepcionado com as sanções impostas ao governo. Elas não estão servindo a um propósito humanitário e estão causando muito sofrimento para as pessoas.”
A suspensão das sanções, no entanto, não foi tratada durante a reunião. “Não discutimos isso. Este não é um momento para negociações”, afirmou a ministra de Desenvolvimento da Suécia, Gunilla Carlsson. “Nós discutimos a implementação do GPA. A implementação deve ser conduzida corretamente. Debatemos as acusações de violação dos direitos humanos, a necessidade de uma imprensa livre e algumas outras coisas”, acrescentou.
A UE tenta estreitar os laços com o Zimbábue e busca provas de que Mugabe está comprometido a realizar as reformas necessárias no país.
No ano passado, Mugabe e Morgan Tsvangirai – líder da oposição – assinaram um acordo para a formação de um governo de coalizão depois que a vitória do atual presidente na última eleição presidencial ter provocado uma crise política no Zimbábue.
Apesar disso, a disputa por cargos estratégicos e as queixas de perseguição dos aliados de Tsvangirai deixaram os países ocidentais receosos em auxiliar o país, que tenta reconstruir uma economia devastada pela inflação e retomar serviços básicos que entraram em colapso durante o mandato de três décadas de Mugabe.
A delegação da UE fará uma reunião com Tsvangirai ainda neste sábado, em Bulawayo.