UE dialoga com russos sobre pacto com a Ucrânia

A União Europeia está pronta para tomar medidas concretas para amenizar as preocupações russas sobre o amplo acordo comercial entre o bloco econômico e a Ucrânia, mas não vai alterar o tratado, avisou nesta quarta-feira o comissário de Comércio da UE, Karel De Gucht. Ele disse que a UE poderia tirar vantagem da flexibilidade das questões regulatórias do pacto para acalmar os russos.

“Nós estamos prontos para encontrarmos soluções. Nós estamos prontos para acomodá-los, mas claro que isso pressupõe que eles queiram resolver o problema”, disse o comissário a um pequeno grupo de repórteres em Bruxelas.

De Gucht afirmou que a Rússia tem três problemas com o pacto: as barreiras técnicas ao comércio, as questões de saúde e segurança e, por fim, as tarifas. Ele disse que a UE não alteraria a redução das tarifas, mas informou que poderia haver ajustes em relação ao tempo de implementação das outras duas medidas para ajudar a apaziguar a apreensão russa.

“Nós não vamos alterar o tratado. Mas nos anexos, está explicitamente previsto que você pode mudar o ritmo das barreiras técnicas para o comércio”, ele disse. “O processo – quão rapidamente vai se desenvolver, em qual ritmo, quais setores específicos terão prioridade e assim por diante – está, de fato, aberto para discussão.”

De Gucht fez a declaração após voltar de uma reunião em Minsk, na Bielorrússia, que tinha como objetivo resolver os conflitos políticos, comerciais e de energia entre a Rússia, a Ucrânia e seus aliados europeus. O presidente russo, Vladimir Putin, e seu correspondente ucraniano, Petro Poroshenko, dialogaram durante horas no encontro.

Na negociação, as três partes concordaram em acelerar as conversas ministeriais sobre a implementação do pacto comercial, que entrou em funcionamento em julho. Eles concordaram em emitir um relatório conjunto no dia 1º de setembro deixando os problemas remanescentes para serem resolvidos até o dia 12 do mesmo mês.

O acordo comercial reduz tarifas sobre muitas exportações entre a União Europeia e a Ucrânia. Como contrapartida, a Ucrânia deve tomar medidas para que suas empresas se adaptem ao padrão europeu. A UE afirma que o pacto vai ajudar a modernizar a economia ucraniana e oferecerá muitos benefícios para o país no longo prazo em termos de acesso a mercados na Europa e em outros lugares. O bloco já suspendeu unilateralmente as tarifas sobre muitos produtos da Ucrânia.

Moscou, no entanto, se opôs fortemente ao acordo e pediu que a Ucrânia se junte à união aduaneira liderada pela Rússia. Autoridades russas argumentaram que o pacto acarretaria enormes prejuízos às economias da Rússia e da Ucrânia ao forçar as empresas a se adaptarem aos padrões europeus e ameaçaria as cadeias produtivas que atravessam a fronteira entre o leste ucraniano e o território russo.

A pressão russa para que a Ucrânia abandonasse o pacto comercial motivou os protestos antigoverno que culminaram na derrubada do ex-presidente Viktor Yanukovych. A Ucrânia terminou de assinar o acordo em junho. O texto deve estar totalmente ratificado em setembro.

De Gucht rejeitou especificamente as preocupações russas de que o pacto comercial ameaçaria o fluxo de helicópteros ucranianos para a Rússia ao atrair as empresas de Defesa para que exportassem para a Europa. “Nós queremos que eles continuem” a exportar para a Rússia “porque isso faz parte do quadro industrial do leste ucraniano. Então qual seria nosso interesse ao destruir esse quadro?”, questionou. Fonte: Dow Jones Newswires.

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