O presidente francês, Nicolas Sarkozy, em meio ao bate-boca com membros da Comissão Executiva da União Europeia, manteve ontem seu desafio ao bloco e anunciou que prosseguirá com sua política de deportação de ciganos romenos e búlgaros. A crise se aprofundou com a decisão da UE, na reunião de cúpula de ontem, de lançar uma investigação sobre as práticas francesas. A UE avalia que regras básicas de livre circulação do bloco podem estar sendo violadas.
A cúpula, em Bruxelas, tinha sido convocada para debater a posição internacional do bloco e as relações estratégicas com países emergentes, como China, Índia e Brasil. Mas o que monopolizou o evento foi o conflito aberto entre Paris e o bloco. As trocas de palavras mais ríspidas se deram entre Sarkozy; o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso; e a comissária de Justiça da UE, Viviane Reding.
Segundo o primeiro-ministro da Bulgária, Boyko Borisov, uma “discussão muito violenta” entre Sarkozy e Durão Barroso ocorreu em torno da liberdade de circulação dos cidadãos europeus por todo o continente. O português Durão Barroso teria deixado claro sua desaprovação. Sarkozy não desmentiu o incidente. “Eu disse francamente o que pensava”, confirmou. Mas insinuou que não teria sido ele quem levantou a voz. “Se houve alguém que manteve a calma fui eu”, disse. “Eu sou um chefe de estado e não permitirei que insultem meu pais”, disse.
O que mais teria irritado Sarkozy, foi a comparação que Viviane Reding fez na véspera da deportação dos ciganos com a perseguição à minoria antes e durante a 2.ª Guerra. Em resposta, Sarkozy sugerira que Luxemburgo – país de origem da comissária – recebesse os ciganos. Apesar do tom desafiador, Sarkozy teve de aceitar a investigação da UE, que determinará se houve ou não violações das leis. Sarkozy, ontem, se disse disposto a responder a todas as questões colocadas pela UE.