Dezenas de investigadores internacionais chegaram nesta sexta-feira ao local onde o Boeing 777 da Malaysia Airlines caiu no leste da Ucrânia e começaram os preparativos para vasculhar a área rural em busca dos restos mortais de cerca de 80 vítimas e de escombros da aeronave.
Na semana passada, 227 caixões com restos mortais das vítimas chegaram à Holanda, mas desde então os especialistas enfrentavam dificuldades para chegar ao local. Ninguém sabe ao certo quantos corpos ainda estão na área, já que destroços do avião se espalharam por 35 quilômetros quadrados.
Horas antes da chegada do grupo, pelo menos 10 soldados ucranianos foram mortos quando o comboio em que estavam sofreu uma emboscada de separatistas pró-Rússia numa cidade próxima ao local o incidente. Outros 13 soldados estavam desaparecidos, disseram autoridades, e os corpos de quatro pessoas eram examinados com o objetivo de determinar se eram soldados ou rebeldes.
Investigadores da Holanda e da Áustria, além de representantes da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, viajaram da cidade de Donetsk, controlada pelos rebeldes, em 15 carros e um ônibus até as proximidades da vila de Hrabove, onde estabeleceram uma base de trabalhos numa granja.
Quando os investigadores preparavam equipamentos para as buscas, um repórter da Associated Press ouviu disparos de artilharia.
A principal prioridade do grupo de investigadores é recuperar restos mortais que estão ao ar livre, em temperaturas que chegam a 32ºC, desde que o avião caiu, em 17 de julho. Eles também vão recolher pertences das 298 pessoas que estavam a bordo do Boeing 777.
A Ucrânia e países ocidentais acreditam que o avião foi derrubado por um míssil disparado pelos rebeldes e fornecido pela Rússia. Líderes rebeldes negam publicamente a acusação, mas um importante integrante dos separatistas disse à Associated Press, em condição de anonimato, que insurgentes estiveram envolvidos na operação que derrubou a aeronave.
A ampla área entre duas vilas será agora oficialmente declarada como uma cena de crime e dividida em quadrantes que serão sistematicamente analisados em busca de restos mortais, pertences das vítimas e provas do que provocou a queda do avião, afirmou o policial australiano Brian McDonald a jornalistas em Hrabove. Cães especialmente treinados também serão usados nas buscas.
Autoridades da Defesa disseram que um comboio do Exército foi atingido por morteiros. O porta-voz de segurança ucraniano Vladislav Seleznev relatou que o ataque aconteceu às 6h (horário local), antes do fim das 24 horas do chamado “dia de silêncio”, declarado quinta-feira em resposta ao pedido de cessar-fogo feito pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.