O ministro da Saúde da Turquia, Mehmet Muezinoglu, disse neste sábado que as duas bombas que explodiram em Ancara, capital da Turquia, mataram um total de 86 pessoas. Mais cedo, autoridades haviam contabilizado 30 mortes nos ataques que ocorreram durante uma marcha pela paz. Outras 186 pessoas ficaram feridas. Segundo o ministro, 62 pessoas morreram no local, enquanto outras 24 pessoas morreram depois de serem levadas para o hospital.
As explosões ocorreram perto da estação ferroviária de Ancara, quando milhares de pessoas estavam reunidas para a manifestação, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Setor Público da Turquia e outros grupos civis. O protesto buscava pedir o fim da violência entre os rebeldes curdos e as forças de segurança do país. As autoridades turcas investigam se os ataques – que ocorreram a 50 metros de distância um do outro – foram terroristas. Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade imediatamente.
Os ataques aconteceram em um momento tenso para a Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que faz fronteira com a Síria, acolhe mais refugiados do que qualquer outra nação no mundo e deve realizar uma eleição geral em 1º de novembro. Ônibus cheios de ativistas tinham viajado para Ancara de outras cidades para participar da marcha no sábado.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, condenou os ataques de sábado, dizendo que ameaçam a unidade e a paz no país, e pediu solidariedade. “A maior e mais significativa resposta a este ataque é a solidariedade e determinação que vamos mostrar contra ele”, disse Erdogan.
Críticos acusam Erdogan de realimentar os combates com os curdos na expectativa de que a turbulência traria de volta eleitores para o Partido da Justiça e Desenvolvimento, ou AKP. Ganhos eleitorais do partido pró-curdos do país fizeram com que o AKP, fundado por Erdogan, perdesse a sua maioria parlamentar nas eleições de junho, após uma década de governo de partido único. Erdogan nega a acusação. O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu realizou uma reunião de segurança de emergência para discutir o ataque. O seu escritório informou que ele suspenderá a sua campanha eleitoral nos próximos três dias.
Foi o terceiro ataque tendo como alvo reuniões de ativistas curdos. Em julho, um ataque suicida atribuído ao grupo Estado Islâmico matou 33 ativistas, incluindo muitos curdos, na cidade de Suruc, perto da fronteira da Turquia com a Síria. Duas pessoas foram mortas em junho em um ataque a bomba em um comício eleitoral do partido pró-curdos. “Este ataque se assemelha e é uma continuação dos (ataques) de Diyarbakir e Suruc”, afirmou Selahattin Demirtas, líder do partido pró-curdos da Turquia. “Estamos diante de um enorme massacre.”
Horas após o ataque em Ancara, os rebeldes curdos declararam um cessar-fogo temporário antes da eleição de 1º de novembro na Turquia. Um comunicado dos rebeldes curdos informou que o grupo evitará hostilidades para permitir que a eleição prossiga com segurança em condições “iguais e justas”. O grupo disse que não lançará ataques, mas que se defenderá. O governo já havia rechaçado eventuais planos de cessar-fogo curdos, dizendo que os rebeldes devem depor as armas e deixar o território turco. Fonte: Associated Press.